segunda-feira, 22 de agosto de 2011

IMPLANTAÇÃO OU EXPANSÃO DE VINHEDOS


Quero expandir meu vinhedo, que variedade posso plantar?
                   Esta é uma pergunta que frequentemente se houve. Vamos analisar: Geralmente o viticultor ao ampliar ou implantar seu vinhedo, escolhe a variedade baseando-se naquela que é mais procurada e consequentemente pagam melhor. O passado mostra que muitos destes viticultores tiveram ou tem problemas de comercialização. Verificou-se que ao proceder desta maneira, quando o vinhedo começa a produzir, como a maioria seguiu o mesmo caminho, já existe uma oferta muito grande de uva, desta variedade, e o preço cai muito e, além disto, o produtor tem dificuldade para encontrar comprador.
                A videira é cultivada em regiões com os mais diversos climas, desde a zona norte do continente europeu até algumas áreas da faixa equatorial, passando, evidentemente, pelos trópicos. Esta ampla plasticidade climática da espécie não significa, entretanto, que os produtos originados em cada uma destas áreas sejam idênticos no seu valor e qualidade. Portanto, significa dizer que uma mesma variedade dará vinho diferente em cada região diferente. Isto poderá nos diferenciar se soubermos escolher a variedade certa para cada região, e, diante deste mercado globalizado, onde não podemos mais agir amadoristicamente, o sucesso no empreendimento, seja produtor de uva ou produtor de vinho, será alcançado quando apresentarmos produtos diferenciados. Portanto, não é suficiente ser produtor, tem que ser O PRODUTOR.
                Então, respondendo a pergunta; se você for expandir o vinhedo, ou for instalar um, para produzir o próprio vinho, deves plantar aquela ou aquelas variedade(s) que melhor se adaptam as condições de solo e de clima da sua região, para obter um produto diferenciado. Surge mais uma pergunta: temos este conhecimento? Respondo; não e sim. Não, porque cientificamente não estão mapeadas as regiões com o estudo das suas condições de solo e de clima e o conhecimento de quais as variedades e que porta-enxerto melhor se adapta a cada uma delas.
Sim, porque existe o conhecimento, por parte dos técnicos que atuam nestas regiões, através das observações práticas verificaram quais as variedades que dão os melhores vinhos e qual a melhor combinação variedade/ porta-enxerto. Portanto, ao expandir o vinhedo ou ao plantar um novo, antes de tomar qualquer decisão consulte um especialista em viticultura que atua na região.
                Por outro lado, se você já está produzindo, ou vai produzir, e tem um comprador já acertado, antes de plantar procure consultar o técnico da empresa para ver que variedade eles aconselham e se comprometem a adquirir por longo prazo, pois se lembre o vinhedo tem vida útil de no mínimo trinta anos e o investimento para instalar um, é alto.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

PODA DE INVERNO


PREPAREM AS TESOURAS

                Com o aumento da temperatura verificado nos últimos dias, e segundo previsão do IRGA para os próximos quinze dias é que teremos queda de temperatura entre os dias 20 e 24 e após subirá novamente, a conseqüência disto é que as videiras iniciem o processo de brotação, principalmente as variedades mais precoces. Aliás, verifiquei na região da Campanha Oriental que as variedades precoces estão inchando as gemas.  Por este motivo está na hora de preparar as tesouras e executar a poda.
                A poda é uma operação básica de cultivo e que complementa e contribui com os demais tratos culturais da videira, como manejo do dossel vegetativo, controle de pragas e doenças, poda verde, raleio de cachos e colheita.
                Ao realizarmos a operação da poda devemos priorizar o desenvolvimento lenhoso de sustentação, ou madeira de carga, de modo que distribua a produção em toda a planta, ocupe o espaço entre as plantas e que tenha condições de produção uniforme no correr dos anos, de acordo com a capacidade dos sarmentos (ramos) e das videiras, com a finalidade de regular a produção e obter colheitas uniformes e com frutos de qualidade. Portanto, o objetivo principal da poda é manter o equilíbrio entre a vegetação (vigor da planta, área foliar) e a produção (número e peso dos cachos). Está implícito que a poda regula as duas atividades, sobretudo determinando a carga de gemas (número de gemas por planta) e a distribuição destas gemas no espaço reservado a cada videira conforme o sistema de sustentação empregado. Isto significa dizer que não existe uma fórmula única de poda e sim que depende do vigor de cada planta.
                A característica principal que relaciona uma variedade com a poda é a fertilidade das gemas, entendendo-se esta como o número de inflorescências por broto (ou, o número de cachos que é capaz de gerar por broto). Variedades férteis em suas gemas basais admitem poda curta, inclusive esporões de uma única gema. Ao contrário, existem outras variedades que somente possuem fertilidade nas gemas mais altas, quarta, quinta ou mais; exigindo, por tanto, uma poda longa (poda em vara). A fertilidade é condicionada grandemente a variedade, ao clima, às condições gerais de nutrição e sanitárias, ao tipo de poda, à porta-enxerto, etc. Dentro de certos limites, a fertilidade da gema é correlacionada positivamente ao vigor do sarmento e do tronco; vigor excessivamente baixo e alto deprime a fertilidade das gemas
                Ao realizarmos a poda produzimos feridas, algumas maiores, outras menores. Quando cortamos alguma parte da videira com madeira de mais de dois anos (Ex. esporões), causamos uma ferida relativamente grande e esta é uma porta de entrada de patógenos, principalmente os causadores da morte descendente das plantas. Esta doença ultimamente tem causado sérios danos tanto nas uvas européias (Vitis vinifera), como nas americanas e hibridas.

                Ao realizarmos um corte e notarmos este sintoma, devemos eliminar a parte afetada até encontrarmos o lenho totalmente sadio e sobre esta ferida aplicar um protetor. Sobre as feridas maiores da poda, embora não tenha sintomas da doença, também deve ser aplicada uma camada protetora. Para protegermos estas feridas podemos usar:
                1 – Tinta plástica com fungicida - num litro de tinta plástica adicionar 20 gr ou 20 ml de Tiofanato metílico ou Tebuconazole.
                2 – Pasta bordalesa – formada pela mistura de 2 kg de sulfato de cobre, mais 2 kg de cal e 10 litros de água.
                Tanto a tinta plástica com fungicida, como a pasta bordalesa devem ser pinceladas sobre as feridas, logo após a poda.

sábado, 13 de agosto de 2011

APRESENTAÇÃO

Em primeiro lugar quero me apresentar aos leitores.
Sou Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal de Santa Maria, em 1975, e desde a minha formatura trabalho com viticultura. 
No início de 1976 ingressei no então Vinhedos Santa Tecla, pertencente a National Distillers and Chemical Corporation, proprietária da Almadén Vineyards na Califórnia e que estava se instalando no município de Bagé, RS. Trabalhei por dois anos em Bagé e no final de 1977 me transferi para Sant'Ana do Livramento, onde a empresa havia adquirido uma área de terra e iniciado o plantio naquele ano. 
Desde 1976 até 1991 desempenhei minhas atividades nesta empresa onde fui o responsável técnico e gerente dos vinhedos da Almadén, tendo neste período instalado uma área de 430 hectares de vinhedos. 
Em Sant'Ana do Livramento além de desempenhar minhas atividades profissionais na Almadén, fui, também, professor auxiliar das disciplinas de Irrigação e Drenagem e de Olericultura no Curso de Tecnólogo em Administração Rural da Associação Santanense Pró-Ensino Superior.
Em 1994 ingressei na Cooperativa Vinícola Garibaldi, onde trabalhei no fomento agrícola prestando assistência técnica aos produtores e la permaneci até final de 1996.
Durante o período de 1997 a 2000 fui Secretário Municipal de Agricultura e Pecuária do Município de Garibaldi.
No inicio de 2001 abri o meu escritório de Consultoria em Viticultura. Durante este período prestei consultoria a: 

  • Instituto Brasileiro do Vinho – Ibravin
  • Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Roma do Sul
  • Prestei e continuo prestando consultoria a diversos produtores de uva e empresas vitícolas, dentre elas Rigo Vinhedos, Velho Amancio, Vinhedos Campo de Cima.
  • Sou consultor em Viticultura do SEBRAE desde 2003.
A proposta é periodicamente postar informações no manejo da videira, de modo que possa colaborar com os viticultores ou interessados que acompanharem este blog.

Abraços e até breve.