sábado, 15 de dezembro de 2012

PRODUTIVIDADE DA VIDEIRA


PRODUTIVIDADE DA VIDEIRA


 
 
                   A carga de uva que uma planta pode maturar com máxima qualidade está relacionada com a superfície foliar efetivamente iluminada. Isto significa que a qualidade da composição da uva depende mais do equilíbrio entre as folhas e a carga de uva do que o nível absoluto da carga por cepa, pois cada vinhedo possui seu próprio modelo de variação da qualidade em função do rendimento. Este modelo ou curva de comportamento dependerá da interação entre os diferentes fatores que o regula, como clima, solo, área foliar total da videira e da percentagem desta área exposta totalmente à luz solar. Conhecer este comportamento é fundamental para otimizar o manejo, pois existe uma qualidade máxima possível que corresponde a uma produtividade ótima, segundo um modelo que está determinado pelo equilíbrio vegetativo / produtividade das cepas e as características agro climáticas do vinhedo.

                Portanto, o conceito que alta produtividade reduz a qualidade da fruta deve-se em parte ao efeito que a “sobrecarga” causa atrasando a acumulação de açúcar na fruta quando comparado com aquelas plantas com menos carga. Sem dúvida, existem antecedentes que indicam que o nível de carga por planta não afeta a acumulação de açúcar e a qualidade da fruta, desde que seja observado o nível de carga específico que uma planta pode amadurecer antes que um rendimento maior atrase a maturação e afete a qualidade. É claro que a produtividade de um vinhedo influi na qualidade da uva e do vinho, porém frequentemente caímos no erro de analisar a relação entre estes dois parâmetros como se tratasse de uma simples equação matemática própria das ciências exatas quando, na realidade, trata-se de um complexo processo biológico. Como sabemos, os processos biológicos são governados ou regulados por numerosos fatores que interagem entre si.

                A produção é determinada pela quantidade de carboidratos (açucares) fornecidos ao fruto e a outros órgãos da planta. Existe um clássico conceito que relaciona a interferência entre a quantidade e a qualidade, onde quando um aumenta diminui linearmente o outro. Alem disso, muitos viticultores acreditam que se a videira passar por um estresse produzirá uva de melhor qualidade.  Entretanto, a realidade não é simples assim. O conceito cientifico é que existe uma relação entre a quantidade e a qualidade formada por uma curva ascendente onde as duas aumentam até alcançar um patamar e após sim, a qualidade diminui se aumentar a quantidade. Este patamar é o ponto que todo o viticultor deve buscar para ter qualidade.

                A qualidade da uva para vinho baixa quando se supera a capacidade fotossintética da planta e piora o seu micro clima. Num lugar de grande radiação e amplitude térmica diária a mesma qualidade se pode obter com um rendimento maior manejando o micro clima e as adversidades em momentos específicos.

                Para a qualidade da uva deve-se manipular a relação folhas / fruto (poda, raleio de cachos, desbrote, posição dos sarmentos), nutrição adequada, como também a densidade da folhagem e o comprimento dos sarmentos, para criar um micro clima (luz e temperatura) também adequado ao desenvolvimento e a maturação das bagas e se deve submeter o cacho a aflição para fomentar a síntese e a concentração de fenóis. Um fator importante na qualidade da vindima é a uniformidade de maturação dos cachos. Isto é mais importante que a maturação média proveniente de brotações desuniformes, que contém diferente relação folhas / frutos. A relação folhas / frutos obtem-se via raleio de cachos.

                O raleio de cachos tem época adequada de ser realizada por que:

                - Raleio muito cedo – no caso de um raleio precoce, o vigor das videiras é favorecido, favorecendo o engrossamento das bagas restantes, o crescimento dos brotos e o aumento da fertilidade das gemas latentes. E assim, o potencial da produção do ano seguinte será aumentado, gerando o risco de uma super produção, o que obriga a ralear novamente.

                - Raleio próximo ao inicio da maturação – poderíamos generalizar dizendo que para variedades de vinificação o raleio poderia ser realizado a partir do momento que as uvas possuem o tamanho de um grão de ervilha relativamente grande. Porque neste momento, o processo de divisão celular das bagas está concluído e não ocorrerá grande crescimento delas pela diminuição da concorrência. Alem disso, o efeito na redução da produtividade será menor e maior será a modificação das características do fruto.

                - Durante ou depois do inicio da maturação – realizado nesta época, não estaremos aproveitando o pico da síntese da cor e de outros compostos que ocorrem neste momento. Parte da cor estaria sendo jogada ao solo com os cachos eliminados; alem disso, as perdas de rendimento serão maiores, ocorre antecipação da data da colheita e os efeitos sobre a qualidade são poucos. Quanto mais tarde se realiza menor será a compensação ou recuperação do peso da fruta e o efeito sobre sua qualidade.

                O raleio de frutos deve ser feito após o fechamento do cacho e logo antes do inicio da maturação, com o objetivo de melhorar a qualidade de vinificação e não aumentar o tamanho da uva. Se 8 a 12 cm2 de folhas são suficientes para o pleno desenvolvimento de um grama de uva (dependendo de cada variedade)  e, então, um broto para dois bons cachos é aquele que tem 18 a 20 folhas bem desenvolvidas, ou o comprimento de 1,00 a 1,40 m. Antes do inicio da maturação, se deixa dois cachos nos brotos com 15 a 20 folhas, um cacho naqueles com 8 a 12 folhas (50 a 90 cm) e nenhum nos que tem menos folhas (menores de 50 cm).

                Resulta evidente que é preciso integrar bons procedimentos de gestão da folhagem dentro do ciclo de crescimento, adaptando-os aos requisitos fisiológicos da videira. Sua estrutura física, o micro clima e a fisiologia da planta afetam de forma global o seu rendimento e a sua gestão. O desenvolvimento da folhagem tem um papel físico e fisiológico (também através do micro clima) sobre o potencial que tem a planta de produzir uva de grande qualidade.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


DESFOLHA

 
 

                A eliminação de folhas pode ser conveniente em certos casos e situações ou negativa em outras. Como norma, sempre que exista sombra na copa que prejudique a qualidade da uva e a fertilidade das gemas, a desfolha é conveniente, por favorecer o balanço fotossintético e por proporcionar um micro clima adequado para a maturação dos cachos. A sombra no interior da copa tem vários efeitos negativos que convém controlar, tais como baixas concentrações de açucares, antocianinas, fenóis e ácido tartárico; aumento de pH e do nível de potássio; e diminuição da qualidade sensorial do vinho.

                Embora esta prática seja para atingir certos objetivos, normalmente é empregada em copas muito densas desde o fechamento do cacho até o inicio da maturação para lograr uma melhor exposição à luz solar e uma melhor aeração ao redor dos cachos, o que supõem benefícios substanciais em termos de pigmentação e resistência às podridões, além de melhorar a penetração e a cobertura dos tratamentos fitossanitários sobre os frutos. A desfolha não garante necessariamente uma melhor composição da uva. Uma desfolha excessiva que sobre exponha os cachos à luz solar pode dar lugar a uma pigmentação deficiente nas bagas de variedades tintas. A excessiva exposição à luz solar pode causar perdas tanto na produtividade, como na qualidade. Perdas na produtividade ocorrem quando os frutos são danificados pelo calor e chegam a murchar. Este dano geralmente ocorre após inicio da maturação quando as uvas tem pigmentos (principalmente nas tintas) e absorvem maior quantidade de energia solar. Entretanto, podem ocorrer danos também antes do inicio da maturação, quando as bagas são totalmente ressecadas. Ou então podem permanecer intactas, mas os sintomas aparecerão quando amadurecem, pela maturação incompleta. Quanto à interferência na qualidade do vinho depende de variedade para variedade.

                É comum a realização da desfolha no terço ou quarto basal dos brotos logo antes do inicio da maturação para expor os cachos à luz direta e ao vento. Com isto perseguem melhorar a cor e a concentração de fenóis de variedades tintas, manter um ambiente seco e livre de enfermidades fungicas e amadurecer melhor o cacho pela elevação da temperatura e a exposição à luz ultravioleta (mais açucares e fenóis maduros e menos ácido málico). Esta prática tem sua origem e maior difusão nas zonas frescas e chuvosas, onde produz efeitos benéficos e é uma necessidade. Entretanto, em regiões mais quentes, onde a elevação da temperatura da uva pode ser exagerada, produz efeito adverso na cor, outros flavonóides, resveratrol e aromas, pela queimadura da casca, e na diminuição do conteúdo de nitrogênio, que torna a fermentação do mosto mais lenta. Nessas condições a desfolha, que é necessária, deve ser mais suave. Portanto, práticas que aumentem a exposição dos cachos à luz solar (como remoção de folhas) depende de vinhedo a vinhedo, isto é; temos que analisar os efeitos desta exposição nos cachos e a qualidade do vinho obtido, pois quando a folhagem da videira recebe iluminação adequada, não haverá benefícios com esta prática, ao contrário, poderá haver prejuízo. Devemos considerar que, enquanto a temperatura das folhas não apresenta diferença entre as expostas a luz solar e as que se encontram no interior da copa, devido à regulação térmica produzida pelo processo da transpiração, o mesmo não ocorre com os cachos, já que os expostos apresentam maior temperatura que os localizados em ambiente sombrio, principalmente nas uvas tintas. A situação ideal é manter uma boa exposição dos mesmos, porém com certa proteção foliar; a qual pode ser de maior ou menor grau, segundo o clima e as variedades que se cultivam.

                A atividade fotossintética das folhas dispostas ao longo do sarmento e o transporte de compostos assimilados podem aumentar se melhorar as condições microclimáticas da folhagem e diminuir a proporção entre a fonte e o receptor, graças à gestão da folhagem. No obstante, sempre devemos manipular a planta de modo a deixarmos suficiente superfície foliar para permitir o correto desenvolvimento da uva e a entrada da luz solar no interior da folhagem, porem interceptando ao mesmo tempo o excesso de radiação sem perder energia utilizável.

domingo, 21 de outubro de 2012

O MÍLDIO DA VIDEIRA


MILDIO (Peronóspora, Mufa ou Mofo)

                              

                               O Míldio da videira é causado pelo fungo Plasmopora vitícola (Berk & Curt).

                No outono as folhas caem e aquelas atacadas pelo Míldio durante o ciclo vegetativo conservam no seu interior as unidades de reprodução (oósporos) do Míldio, embora estas folhas se decomponham estas unidades de reprodução continuam no material em decomposição. Além disso, pode passar o inverno na forma de micélio dormente sobre os sarmentos que foram atacados durante o ciclo vegetativo. Na primavera quando a temperatura ultrapassar os 10 oC e chover no mínimo 10 mm ocorre à germinação. Os esporos (zoósporos) formados na germinação são espalhados pelos pingos da chuva e transportados pelo vento. Ao caírem sobre a folha, por possuirem cílios que se movimentam, encistam-se no estômato da folha e penetram, instalando-se no espaço interno (câmara estomática), daí o micélio que se forma expande-se através do espaço intercelular colonizando o tecido do hospedeiro. Sob condições favoráveis de temperatura e umidade o tempo decorrido entre a penetração e a germinação é de 90 minutos. Cerca de 4 dias após a infecção, dependendo da idade da folha, da cultivar, da temperatura e da umidade, aparecem os primeiros sintomas do ataque, as manchas amarelas sobre a folha (manchas de óleo).
Mancha de óleo  (Foto Antonio Santin)

                Dentro de um a três dias após o aparecimento da mancha de óleo surge a mancha de conídios (mancha branca) na parte inferior da folha, correspondente a mancha amarelada. Mas para que isto ocorra é necessário que a temperatura mínima esteja  acima de 13 oC e umidade relativa acima de 80%, a partir disto poderão ocorrer às infecções secundárias.
Mancha de conídio (Foto Antonio Santin)


                Nestas manchas de míldio formam-se os esporângios que irão produzir os zoósporos para causar a infecção secundária, isto ocorrerá se a umidade relativa do ar estiver acima de 95%, pelo menos por quatro horas, temperatura acima de 13 oC e ausência de luz. Após o inicio da esporulação, o processo é contínuo, desde que a temperatura esteja acima de 11 oC. Os zoósporos são dispersos pela chuva e/ou vento e são transportados para causarem novas infecções.

                 Todos os fatores que contribuem para aumentar o teor de água no solo, ar e planta favorecem o desenvolvimento do Míldio. Dificilmente ocorre infecção se a umidade do ar for inferior a 75%, porém, ela será grande quando o período de água livre (chuva, orvalho ou neblina) for maior de três horas e sob condições de céu encoberto e encontram as melhores condições para o seu desenvolvimento com temperatura entre 23 a 25 oC.

                   O fungo incide sobre todos os órgãos verdes da planta, preferencialmente naqueles mais tenros, desenvolvendo um micélio que neles penetra para absorver a seiva.

SINTOMAS

FOLHAS – os primeiros sintomas podem aparecer quando as folhas são ainda muito pequenas (no momento que são formados os estômatos), cerca de 3 cm de largura, pois neste estágio tem a máxima sensibilidade e à medida que vão envelhecendo decresce esta sensibilidade. Inicialmente aparecem manchas amareladas na superfície superior da folha (mancha de óleo) e na pagina inferior, correspondente à mancha de óleo, em condições de alta umidade aparece uma mancha branca constituída pela frutificação do fungo. Mais tarde elas tomam a coloração pardo-avermelhada podendo confluir uma macha com a outra e abranger grande parte do limbo folhar.   As folhas que apresentam muitas manchas em ótimo desenvolvimento caem prematuramente privando a planta de seu órgão de nutrição, interrompendo o desenvolvimento dos cachos e sarmentos, depauperando a planta e prejudicando a produção do ano seguinte.

                 O efeito negativo ao ataque foliar é devido à perda do principal órgão de assimilação da planta com repercussão negativa direta seja na produção quantitativa e qualitativa, ou seja, na maturação dos sarmentos e das gemas, potenciais produtivos do ano seguinte.
Foto Antonio Santin

BROTOS – Os brotos e sarmentos são normalmente infectados nos estádios iniciais de crescimento, ou em suas extremidades, antes da lignificação. Os ramos doentes apresentam coloração marrom-escura, com aspecto de “escaldado”. Os nós são mais sensíveis do que os entrenós. Infecções em ramos novos causam o secamento dos mesmos. Este dano será observado durante a poda de inverno.
                                       Sintomas no nó do ramo tenro (Foto Antonio Santin)

Sintomas no nó do ramo verde (Foto Antonio Santin)
                             Sintomas no ramo maduro (Foto Antonio Santin)

CACHOS E UVA – o ataque do míldio sobre a inflorescência (antes da floração) ou no cacho recém formado (logo após a floração) causa perda elevada de produção. Quando ocorre sobre a inflorescência a danifica deixando-a em forma de gancho. Na floração, o patógeno provoca o escurecimento e destruição das flores afetadas, sintomas muito semelhantes aos ocasionados pela antracnose. Nos estádios da pré-floração e em bagas pequenas, o fungo penetra pelos estômatos, causando escurecimento e secamento destes órgãos, observando- se uma eflorescência branca que é a frutificação do fungo.

                Se o ataque acontecer mais tarde (bagoinhas), causa a podridão cinzenta. As bagas tomam uma coloração verde azulada, paralisa seu crescimento, endurecem, cobrem-se de eflorescência branca, secam e caem.

Quando as bagas atingem mais da metade do seu desenvolvimento o ataque do fungo pode ocorrer pelo pedicelo e posteriormente colonizá-la. As bagas infectadas nessa fase apresentam uma coloração pardo-escura, e é facilmente destacável do cacho, não havendo formação de eflorescência branca característica. Os ataques na inflorescência e nos cachos são os mais danosos, pois atingem diretamente o produto final podendo comprometer totalmente a produção.

Foto Antonio Santin

CONTROLE

             No inicio do ciclo vegetativo da videira quando a área foliar ainda é pequena, a temperatura não está dentro da faixa ótima para o desenvolvimento do míldio e a quantidade de inoculo é pequena, embora ocorram chuvas, os estragos que podem ser causados pelas infecções primárias são insignificantes. Nesta fase correspondem aos primeiros tratamentos, entre 2 a 3 folhas visíveis e os cachos visíveis, as intervenções podem ser feitas com produtos de contato, mesmo com tempo chuvoso. Embora não seja errado o uso de produtos sistêmicos ou de profundidade. Entretanto, devemos considerar que estamos usando produtos sistêmicos ou de profundidade numa fase que não são necessários, comprometendo a sua utilização mais tarde (devido o risco de resistência é aconselhável usá-los 3 a 4 vezes por ciclo vegetativo) e, além disso, são mais caros. Numa fase posterior que vai dos cachos separados ao inicio da floração, podemos usar qualquer tipo de fungicida, dependendo das condições climáticas: tempo seco e sem míldio visível usar fungicidas de contato; tempo úmido, embora sem a presença de míldio, é aconselhável usar produtos sistêmicos ou penetrantes.

                Na fase de floração é aconselhável o uso de produtos sistêmicos ou de profundidade, a não ser que o tempo seja seco e então podemos usar produtos de contato.

                A partir do inicio da formação do grão, que geralmente coincide com o final de Outubro, entramos num período critico onde a ocorrência de míldio poderá ser muito grande, devido às condições de umidade e temperatura, e este período se estende normalmente até final de Novembro. Neste período devemos seguir tratando com produtos de ação sistêmica ou de profundidade. A partir desta data, final de Novembro, se o tempo for seco podemos tratar com produtos de contato, mas se o tempo for chuvoso é aconselhável utilizar produtos sistêmicos ou de profundidade. Sempre observando que a partir do grão tamanho de ervilha, como neste estágio a transpiração deste órgão é muito pequena, os produtos sistêmicos terão pouca ação no controle da doença sobre os grãos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A FLORAÇÃO DA VIDEIRA



A FLORAÇÃO
A floração ocorre quando a caliptra se abre expondo os estames (órgãos masculinos) e o pistilo (órgão feminino). Isto ocorre normalmente 6 a 8 semanas após a brotação, dependendo das condições climáticas, e dura normalmente ao redor de duas semanas. Imediatamente após a queda da caliptra, as anteras, localizadas nos estames, se abrem e libertam os grãos de pólen. Alguns destes grãos aderem-se nas substancias liberadas pelo estigma localizado na ponta do pistilo. A secreção estimática consiste de açúcar, proteínas e nutrientes minerais essenciais ao desenvolvimento do tubo polínico. Se as condições climáticas são favoráveis, os grãos de pólen germinam e formam o tubo polínico que penetra no estigma, percorrendo todo o pistilo até alcançar o ovulo e então ocorrerá a fecundação.

                O fator climático tem grande influência na fecundação da flor e formação do fruto. Com temperaturas  abaixo de 15 oC ou acima de 37oC há inibição da formação do tubo polínico e consequentemente não ocorre à fecundação do ovulo. Baixas temperaturas interferem no processo fotossintético (causam redução momentânea de açúcar), ou agem diretamente na flor, a caliptra não se abre, enquanto que tanto nas baixas como nas altas há menor fecundação do ovulo por dificultar o desenvolvimento do tubo polínico e a própria fecundação do ovulo. Chuvas durante a floração, ou alta umidade, também reduzem a fecundação do óvulo por impedir a completa abertura da caliptra. A chuva pode também diluir o fluido estimático e isto interfere na germinação do grão de pólen e, além disso, causa a aglomeração dos grãos.

                Além das condições climáticas as flores podem ser destruídas pela ação de fungos, como a Antracnose, Botrytis e o Míldio.

Antracnose - Os cachos são suscetíveis à antracnose desde a sua formação até o inicio da maturação. As lesões no ráquis e nos pedicelos são semelhantes a que ocorrem nos brotos. Nas inflorescências, causa a seca, o escurecimento e a queda dos botões florais.

Botrytis - Após a queda da caliptra (florescimento), o fungo invade a inflorescência. No final do florescimento, a Botrytis frequentemente desenvolve-se nas caliptras mortas, estames, e nas bagas abortadas que permanecem nos cachos. Deste ponto o fungo ataca o pedicelo ou o rachis, forma pequenas manchas escuras. Estas lesões circulam o pedicelo ou o raquis e aquela porção do cacho morre e cai.  Há evidencias que os esporos infestam as flores durante o florescimento e neste estágio, podem destruir totalmente ou parcialmente a inflorescência ou permanecer latente e então não aparecerá nenhum sintoma enquanto as bagas não começarem a acumular açucares. Portanto, é muito importante a realização de aplicações preventivas de fungicidas no inicio do florescimento e no final para evitarmos o ataque por Botrytis.

Míldio - O ataque do míldio sobre a inflorescência (antes da floração) ou no cacho recém formado (logo após a floração) causa perda elevada de produção. Quando ocorre sobre a inflorescência a danifica deixando-a em forma de gancho. Na floração, o patógeno provoca o escurecimento e destruição das flores afetadas, sintomas muito semelhantes aos ocasionados pela antracnose. Nos estádios da pré-floração e em bagas pequenas, o fungo penetra pelos estômatos, causando escurecimento e secamento destes órgãos, observando- se uma eflorescência branca que é a frutificação do fungo.

Para o controle destas doenças durante a floração é aconselhável o uso de produtos sistêmicos ou de profundidade, a não ser que o tempo seja seco e então podemos usar produtos de contato.     

sábado, 8 de setembro de 2012

TRATAMENTOS FITOSSANITÁRIOS NA VIDEIRA


PROGRAMA DE TRATAMENTOS FITOSSANITÁRIOS - SUGESTÃO

 

Desde o inicio da brotação até a queda das folhas, havendo condições climáticas favoráveis, podem ocorrer doenças na videira.

                A primeira doença que normalmente aparece, mediante condições de baixas temperaturas, ventos frios e umidade, é a Escoriose. Para que ocorra o ataque é necessário um período prolongado de chuva (cerca de 10 horas) e baixa temperatura, porem os sintomas somente aparecerá cerca de 21 a 30 dias após o ataque. Esta é a razão de iniciar os tratamentos logo no inicio da brotação (ponta verde) e seguir até que o novo broto tenha 3 a 4 folhinhas abertas.

                Os produtos indicados para o controle desta doença são:

                Dithianon  e       Mancozeb.

                Realizar no mínimo dois tratamentos com um destes produtos, mas se a temperatura for baixa os brotos tendem a crescer mais lentamente e então se recomenda realizar mais um ou dois tratamentos.

                A partir do broto com 3 a 4 folhas abertas há probabilidade de ocorrer ataque de Antracnose e Míldio concomitantemente. Portanto, devemos realizar tratamentos preventivos para as duas doenças.

                ANTRACNOSE= Os conídios da antracnose germinam e causam a infecção primária quando existir água livre pelo período de 12 horas e temperatura entre 2 e 32 oC; as infecções subsequentes variam quanto ao tempo de aparecimento do sintoma em função da temperatura. Os ataques de Antracnose podem ocorrer enquanto a temperatura média se manter abaixo de 15 oC.

                No caso da Antracnose os produtos indicados são:

                Tiofanato metílico,      Difeconazole  e Imibenconazole .

               

                MÍLDIO = Na primavera quando a temperatura ultrapassar 10 a 11 oC e ocorrer uma chuva de no mínimo 10 mm, ocorre à germinação, podendo também iniciar a germinação com temperaturas entre 3 a 4 oC até 34 oC, com o ótimo entre 23 a 25 oC. O tempo decorrido entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas (mancha de óleo na parte superior da folha) é de aproximadamente 4 dias, dependendo da idade da folha, cultivar, temperatura e umidade. Cerca de um a três dias após o aparecimento da mancha de óleo surge a mancha de conídios (mancha branca) na parte inferior da folha.

                Tratando-se de controle preventivo do Míldio, devemos considerar as condições climáticas e o estágio de desenvolvimento da vegetação.

a)          – Primeira fase - A partir do broto com 3 a 4 folhas até o pré-florescimento.

Condições de tempo normais – pouca chuva

Se o tempo não for muito chuvoso podemos usar produtos de contato, preservando os de profundidade e sistêmicos para mais tarde. Produtos indicados:

Captana , Clorothalonil , Dithianon , Folpet , Mancozeb , Metiran , Propineb , Hidroxido de cobre e Oxicloreto de cobre.

       

                Condições de tempo de muita chuva

                Neste caso aconselha-se utilizar produtos de profundidade (translaminares), deixando os sistêmicos para mais tarde. Os produtos de profundidade por penetrarem no interior dos órgãos da planta não são lavados pela chuva.

                Cimoxanil + clorothalonil – usando-se este produto não há necessidade de adicionar um produto para controle da Antracnose, porque o Clorothalonil tem boa ação sobre esta doença.

                Cimoxanil + Famoxadona , Cimoxanil + Mancozeb ,        Cimoxanil + Zoxamida  ,       Famoxadone + Mancozeb , Fenamidone  e Zoxamida + Mancozeb.

                Seja qual for à condição do tempo, escolha dois ou três fungicidas e alterne-os nas aplicações.

 

b)          – Segunda fase - A segunda fase vai da pré-floração até os grãos de uva tamanho de aproximadamente um grão de ervilha. Nesta fase devemos usar produtos de profundidade ou sistêmicos, tanto para tempo seco como para tempo chuvoso, pois é o período de maior suscetibilidade ao Míldio.

Fosetil alumínio (sistêmico) , Metalaxil + Mancozeb (sistêmico e contato), Benalaxil + Mancozeb (sistêmico e contato), Azoxistrobina (profundidade), Dimetomorfe (profundidade), Iprovalicarbe + Propineb – (profundidade e contato) e Piraclostrobina + Metiran (profundidade e contato).

                Escolher dois ou três destes fungicidas e alterná-los nas aplicações.

Durante este período podemos usar Fosfito em aplicações quinzenais, que ira dar resistências as plantas contra o Míldio.

 

c)          – Terceira fase - Nesta terceira faze que vai da uva tamanho de um grão de ervilha ao início da maturação, os fungicidas a serem aplicados devem ser escolhidos em função das condições climáticas.

Condições de tempo normal – pouca chuva - Usar fungicidas de contato ou a base de cobre.

Condições de tempo chuvoso -     Escolher dois ou três produtos de profundidade que não tenham sido utilizados nas outras pulverizações.

A partir do grão de uva tamanho de um grão de ervilha, não devemos mais usar fungicidas sistêmicos porque a partir deste estágio a transpiração dos grãos de uva cai muito e como os sistêmicos se locomovem pela rota da transpiração, a quantidade de fungicida que chega ao grão é muito pequena ou nula e por isso não haverá controle da doença na uva, embora controle nas folhas.

OBS = em todos os tratamentos deve ser adicionado à calda de fungicida o Espalhante Adesivo.

OÍDIO

                Um método eficiente de prevenir o ataque de Oídio é a pulverização com enxofre molhável e o bom manejo da copa, copa aberta de modo que circule o ar e penetre o sol. As pulverizações devem começar quando a brotação tem cerca de 20 cm de comprimento repetidas quinzenalmente.

 

 

BOTRYTIS

                Há evidencias que os esporos infestam as flores durante o florescimento e neste estágio, podem destruir totalmente ou parcialmente a inflorescência ou permanecerem latentes e então não aparecerá nenhum sintoma enquanto as bagas não começarem a acumular açucares. Por este motivo, os tratamentos devem ser realizados nas seguintes épocas:

                1o tratamento – quando cerca de 2% das flores estiverem abertas. Nesta fase devemos aplicar um produto sistêmico ou de profundidade: Procimidone (sistêmico);  Pyrimethanil (profundidade) e Pyrimethanil + Iprodione (profundidade e contato).

                2o tratamento – 80% das flores abertas. Repetir o tratamento com Procimidone,  Pyrimethanil ou Pyrimethanil + Iprodione.

                3o – Tratamento – Fechamento dos cachos. Nesta fase o sistêmico tem pouca ação. Portanto, aplicar um produto de profundidade. Pyrimethanil ou Pyrimethanil + Iprodione.

                4o – Tratamento – Inicio da maturação. Desta fase em diante, os sistêmicos e os de profundidade não são absorvidos pelos grãos de uva. Por este motivo durante a maturação da uva devemos aplicar produtos de contato.

                Iprodione

OBS – todos os tratamentos para prevenção da Botrytis devem ser direcionados aos cachos.

PODRIDÃO DA UVA MADURA (Glomerella)

                Os frutos são suscetíveis a infecção durante todos os estágios de desenvolvimento desde as bagas recém formadas até a maturação, mas não apresentam nenhum sintoma antes da maturação.

                A literatura mostra que há dois picos de liberação de conídios, no inicio da primavera, quando muitos frutos mumificados da safra anterior estão presentes e, durante a maturação da uva, devido à presença de frutos em estado de apodrecimento.

                Recomenda-se realizar tratamentos nas seguintes fases:

                1o Tratamento – Limpeza do grão – Este tratamento deve ser feito com um fungicida sistêmico ou de profundidade.

                Tebuconazole (sistêmico), Tiofanato metílico (sistêmico), Piraclostrobina + Metiran (profundidade).

                2o Tratamento – Fechamento dos cachos. Neste estágio os sistêmicos são de pouca eficácia, aplicar um produto de profundidade.

                3o Tratamento – Próximo ao inicio da maturação. Aplicar um produto de profundidade. Piraclostrobina + Metiran.

                A partir do inicio da maturação aplicar produtos de contato, pois neste estágio o grão de uva está com os estômatos fechados e não há mais absorção.

                Capatana ,         Folpet  e    Mancozeb .

                O uso de produtos fertilizantes a base de cálcio ajudam a enrijecer a casca da uva e dá maior resistência contra a Glomerella. Os tratamentos devem iniciar por ocasião do fechamento do cacho.

                A eficiência da aplicação de produtos fitossanitários está em colocar a quantidade de ingrediente ativo necessário no alvo para que este exerça sua ação sobre a praga de forma segura, sem riscos ao ambiente e a saúde humana. Sendo assim, equipamentos adequados e calibrados, manuseados por aplicadores treinados são condições essenciais para o aumento da eficiência ou aumento da cobertura do alvo.  A cobertura do alvo esta relacionado com o volume de aplicação ou litros de calda aplicado em um hectare, uso de adjuvantes que quebram a tensão superficial da água e aumentam a superfície de contato da gota gerada no processo de pulverização, denominados por surfactantes ou como Espalhante.

OBS = usem somente produtos registrados para a cultura, na dosagem recomendada e respeitem o período de carência de cada um.

domingo, 26 de agosto de 2012

BROTAÇÃO DA VIDEIRA


A brotação da videira

 

As diferentes cultivares se distinguem umas das outras pelo seu ritmo vegetativo próprio, que se manifesta pela precocidade de brotação em condições naturais. Portanto, cada cultivar reage de modo diferente frente à temperatura e sofre uma evolução fisiológica cuja velocidade e intensidade depende sobre tudo do seu ritmo vegetativo.

A gema inicia sua elongação que termina com o aparecimento da ponta verde e a brotação, tudo isto em resposta a temperatura. Assim desenvolveu-se o conceito de horas grau de crescimento: isto é; a soma dos graus de diferença por hora entre uma temperatura dada e aquela considerada umbral necessário para iniciar a brotação. Cada variedade tem seu próprio requisito quanto ao umbral de temperatura para responder e também a soma térmica para completar o processo.

                   A brotação inicia quando a temperatura media diária ultrapassa os 10 oC por um período de 7 a 10 dias consecutivos. Além disso, é controlada pelo estimulo do hormônio de crescimento, citocinina, hormônio este sintetizado nas raízes e transportado via seiva para os ramos. Outro fator importante é que nas gemas já ocorreu à eliminação do hormônio que inibe o crescimento, o ácido abcissico.

Durante o mês de Agosto as temperaturas médias foram acima dos 10 oC e por diversos dias, isto apressou a brotação da videira.

Após o inicio da brotação o broto pode crescer lentamente se as temperaturas forem mais baixas, mas à medida que a temperatura vai subindo ele aumenta o seu ritmo, podendo então crescer de 2 a 10 cm por dia. Entretanto, se a temperatura chegar aos 35 oC ou mais se torna um fator limitante devido à dificuldade de realizar a fotossíntese nesta faixa de temperatura. A velocidade de crescimento e o vigor do broto são grandemente influenciados pela disponibilidade de nutrientes e de água.

Concomitantemente a brotação ou logo antes desta, ocorre o desenvolvimento das raízes. As raízes, em geral, iniciam o crescimento com temperatura do solo entre 5oC e 10oC, porem sua taxa máxima ocorre com 30 oC. Existem dois a três períodos de crescimento radicular. O primeiro ocorre no final do inverno, junto com a brotação ou pouco depois, quando a temperatura do solo ultrapassa os 10 oC, até a floração, e alcança sua taxa máxima pouco depois à do crescimento dos brotos, às vezes pouco antes do inicio da maturação; o segundo ou terceiro ocorre no final do verão e no outono, depois da colheita, de menor magnitude, cuja taxa máxima ocorre na queda das folhas em clima quente. Em clima frio ocorrem dois picos de taxas de crescimento, um até a floração e o outro, maior, pouco antes do inicio da maturação, porem não há crescimento pós colheita .

                Após a brotação, as inflorescências aparecem rapidamente entre as primeiras folhas. A maioria das cultivares a inserção da primeira inflorescência situa-se entre a 3a e 4a folha, algumas pode aparecer na segunda e outras na quarta. Após uma a duas semanas, se as condições climáticas e o vigor do ramo forem favoráveis, os botões florais, que se apresentam num amontoado, se separam e adquirem a forma definitiva.

domingo, 5 de agosto de 2012

A PODA DA VIDEIRA


A PODA DA VIDEIRA



                A poda é uma operação básica de cultivo do vinhedo praticada desde os primórdios da viticultura, pois encontramos citações na literatura grega e também na Bíblia sobre esta prática. Dentro da evolução vitícola a poda é uma das operações de cultivo que menos evoluíram.

Mediante a poda o viticultor adapta seu vinhedo às possibilidades reais que existem de solo, clima, meio biológico, variedade, etc. Objetivando-se sempre estabelecer e manter a videira, numa forma que reduza trabalhos e facilite as operações no vinhedo, tais como; manejo, controle de enfermidades e pragas, poda verde, raleio e colheita. Procurando distribuir o desenvolvimento lenhoso de sustentação ou da madeira de carga em toda a planta, entre as plantas e ao correr dos anos, de acordo com a capacidade dos sarmentos e das videiras, com a finalidade de regular a produção e obter colheitas uniformes e com frutos de qualidade.

A poda complementa e contribui com os demais elementos culturais: irrigação, fertilização, etc. Portanto, esta não pode ser considerada separadamente senão que, como tal ferramenta, é utilizada, junto às demais técnicas culturais e em função das possibilidades de cada planta, como um meio para alcançar as metas previstas minguando os aspectos desfavoráveis e potencializando os favoráveis.

A poda de produção tem como objetivo principal manter um determinado equilíbrio entre a vegetação (vigor, superfície folhar) e produção (numero e peso dos cachos). Está implícito que a poda regula as duas atividades, sobretudo determinando a carga de gemas (número por planta) e a distribuição no espaço vital reservado a cada videira conforme o sistema de sustentação, que obviamente deve ser mantido durante os anos, renovada, e, se necessitar, modificada ou substituída.

Os critérios do numero de gemas por metro a deixar dependem de muitos fatores, entre eles: histórico de produção, fertilidade das gemas, quilos de uva por hectare projetado, percentagem de brotação e densidade de plantio. A combinação de todos estes fatores é de grande ajuda para poder decidir, porém, deve-se levar em consideração o vigor de cada planta dentro do mesmo quadro e não podar todo o quadro da mesma maneira, já que poderíamos agravar o problema, deixando menor quantidade de gemas num setor vigoroso e muitas gemas por planta num setor débil.

Numa forma mais simples, se deixam as gemas suficientes para produzir o mesmo número de brotes do ano anterior, se existe equilíbrio, porém maior quantidade, até o ponto de não produzir sombra indesejável, se o vigor é excessivo, e menor quantidade se o vigor não foi suficiente. Em todo o caso, ambas as condições estão também relacionadas com o manejo da fertilidade e da umidade do solo. A poda muito severa, que determina uma carga baixa de uva, não permite expressar a capacidade da videira, aumenta o vigor dos brotos e provoca o nascimento de chupões, acentuando o desequilíbrio vegetativo/produtivo; uma poda muito suave, que determina uma grande quantidade de brotos e uma carga exagerada, deteriora o micro clima inicialmente, a maturação da uva e a lignificação dos sarmentos são deficientes e a videira se debilita.

domingo, 27 de maio de 2012

ANÁLISE DE SOLO / ANÁLISE FOLIAR / ANÁLISE VISUAL = ADUBAÇÃO DA VIDEIRA.


Monitorar e entender a nutrição mineral da videira pode ser uma tarefa difícil. Os nutrientes minerais são importantes no processo bioquímico da videira. Um programa efetivo de nutrição requer bons conhecimentos de fertilidade e irrigação, vigor, produção, e interpretação das análises de solo e de tecidos (Schreiner, 2011).

a) – ANALISE DE SOLO

A análise de solo é um instrumento que pode auxiliar o produtor rural a aumentar a lucratividade da exploração agrícola ou florestal e a acompanhar as mudanças da fertilidade do solo. Deve ser utilizada, juntamente com outras informações, como um guia para as recomendações de uso de calcário e adubos (minerais e orgânicos).

A análise de solos apresenta duas funções:

      - Indicar os níveis de nutrientes no solo, possibilitando o desenvolvimento de um programa de calagem e de adubação;

      - Pode ser usada regularmente para monitorar e avaliar as mudanças dos nutrientes no solo.

A análise de solo não deve ser usada como único parâmetro para interpretar o estado nutricional da videira, devido à variação da necessidade de nutrientes existente em cada variedade, clones e porta-enxerto, variação da umidade do solo e práticas de manejo do solo, e a capacidade das raízes de explorar o solo. Alem disso, as videiras podem estocar quantidades significantes de certos nutrientes que podem ser utilizados em caso de deficiência no solo, e esta habilidade aumenta com a idade da planta. Como exemplo, mais de 50% do nitrogênio e fósforo existente na copa provém das reservas existentes nas raízes e tronco, segundo estudo realizado  no Oregon por Schreiner em 2006.  A análise de solo é usada para monitorar as mudanças que ocorrem em diversos anos, como pH e conteúdo de matéria orgânica, que podem impactar a disponibilidade de nutrientes no solo. (Schreiner, 2011).

Coleta da amostra

Ao coletar a amostra de solo devemos dividir a propriedade em áreas uniformes de até 10 hectares. Cada uma dessas áreas deverá ser uniforme quanto à cor, topografia, textura e quanto às adubações e calagem que recebeu. Áreas pequenas, diferentes das circunvizinhas, não deverão ser amostradas juntas. Cada uma das áreas escolhidas deverá ser percorrida em ziguezague, retirando-se com um trado, amostras de 15 a 20 pontos diferentes, que deverão ser colocadas juntas em um balde limpo. Na falta de trado, poderá ser usado um tubo ou uma pá. Todas as amostras individuais de uma mesma área uniforme deverão ser muito bem misturadas dentro dum balde, retirando-se uma amostra final, em torno de 500g (Embrapa Solos).

As amostras deverão ser retiradas da camada superficial do solo, até a profundidade de 20 cm, tendo antes o cuidado de limpar a superfície dos locais escolhidos, removendo as folhas e outros detritos. Não retirar amostras de locais próximos a residências, galpões, estradas, formigueiros, depósitos de adubos, etc. Não retirar amostras quando o terreno estiver encharcado. No caso de culturas perenes (frutíferas, por exemplo) sugere-se também retirar amostras entre 20 e 40 cm de profundidade.

Identificar perfeitamente cada amostra, numerando cada recipiente com o mesmo número colocado nos seus apontamentos particulares.



b) – ANÁLISE FOLIAR

A análise de tecidos nos mostra a concentração de nutrientes; a quantidade de nutrientes pela quantidade (massa) de pecíolos ou limbo foliar. Isto leva a supor que a concentração de nutrientes é igual à necessidade da planta. No entanto, isto não é sempre correto. O único meio de se ter certeza quanto à necessidade de nutrientes é monitorar o conteúdo de nutrientes durante o ciclo vegetativo. Crescimento rápido pode diluir a concentração de nutrientes nas folhas e pecíolos. Os resultados da análise de tecidos devem ser usados combinados com outras informações tais como comportamento da planta durante o ciclo vegetativo (análise visual), condições climáticas, fertilizações realizadas, irrigações e experiências dos anos passados neste vinhedo (Schreiner,2011).

Schreiner (2011), considera que ao implementar um programa de análise de tecidos devemos observar:

1 – Ser consistentes quanto ao estágio fenológico na coleta da amostra. A concentração de nutrientes nas folhas e nos pecíolos pode mudar rapidamente durante o ciclo vegetativo. A época da coleta da amostra é critica para se obter dados fidedignos. Por exemplo, há pesquisas que indicam que a concentração de fósforo cai rapidamente durante o período da floração ao inicio da maturação. Colher a amostra sempre no mesmo estágio.

2 – Monitorar sempre a mesma área de um vinhedo. Para realizar isto é importante marcar as filas onde será coletada a amostra.

3 – Se monitorarmos uma área grande com uma única amostra, a coleta dos pecíolos ou do limbo foliar deve ser de forma abrangente na área e consistente ano a ano. Por exemplo, colher um pecíolo ou um limbo foliar a cada 10 plantas e em cada 5 fileiras.

4 – Colher separadamente amostras segundo o vigor das plantas dentro do mesmo bloco.

5 – Determinar em que época deve ser colhida a amostra. A amostra para analise foliar pode ser colhida na floração ou no inicio da maturação. Geralmente, a análise de pecíolos colhidos na floração nos dá boa indicação do status de micronutrientes. Enquanto, a analise no inicio da maturação é mais indicativa do status dos macro nutrientes nitrogênio, fósforo e potássio, porque estes nutrientes são móveis na planta e a sua concentração na floração geralmente é alta.

6   – Determinar qual o tecido a ser colhido: pecíolo ou limbo folhar. 

Geralmente a análise de pecíolos nos da uma boa indicação da deficiência ou excesso de potássio, cloro e sódio. A análise do limbo foliar nos da indicação da concentração de nitrogênio, magnésio, zinco, boro, cálcio, cobre e manganês.

Coleta da amostra

Na floração = ( 60 a 70 % das flores abertas) – Para a analise de pecíolos, colher 60 a 100 pecíolos localizados atrás do cacho. Após a coleta devem ser lavados em água limpa, enxugar num papel toalha e secar a sombra sobre um papel limpo.

No caso de realizar analise de limbo foliar, colher 20 a 40 folhas, lavar em água limpa e secar em papel toalha. Colocar sobre um papel limpo e deixar secar a sombra.

Inicio da maturação = (50% das bagas coloridas). Proceder da mesma maneira indicada para a coleta na floração.

 ADUBAÇÃO DA VIDEIRA

O objetivo da adubação é proporcionar a planta uma serie de elementos minerais complementares aos que proporciona o solo. A deficiência de nutrientes provoca o atraso e insuficiência no desenvolvimento da planta, porém uma adubação excessiva resulta igualmente prejudicial. O vinhedo requer um cuidado especial na adubação por ser um cultivo lenhoso que atravessa diversas fases de desenvolvimento com necessidades próprias em cada fase (Loyola).

De uma forma ou outra, todos os elementos minerais são indispensáveis ao desenvolvimento da videira, sejam eles macro ou micronutrientes, a tal ponto de frear ou mesmo bloquear o crescimento da planta. A necessidade global depende da participação de cada elemento, em função de suas propriedades, nas múltiplas reações químicas que constituem o metabolismo.

Monitorar e entender a nutrição mineral da videira pode ser uma tarefa difícil. Os nutrientes minerais são importantes no processo bioquímico da videira. Um programa efetivo de nutrição requer bons conhecimentos de fertilidade e irrigação, vigor, produção, e interpretação das análises de solo e de tecidos. A nutrição da videira pode influenciar a formação do fruto, a qualidade do fruto e a qualidade do produto final. A nutrição num vinhedo depende de cada vinhedo, baseado nas variações existentes de solo, as necessidades da planta e das características de cada variedade e porta-enxerto. (Schreiner).

Absorção dos nutrientes pelas raízes

O sistema radicular é formado por uma estrutura principal de raízes (com diâmetro de 6 a 100 mm), as quais geralmente se encontram  numa profundidade     de 30 a 35 cm, e raízes menores (2 a 6 mm de diâmetro), que derivam da estrutura principal e crescem tanto na forma horizontal como vertical. Estas raízes vão se ramificando gerando as raízes absorventes, as quais são efêmeras e são continuamente substituídas por novas raízes laterais (Mullins et al. 1992). O crescimento lateral de raízes é derivado do crescimento de primeiro e segundo ano. Ao inicio de cada temporada de crescimento, as raízes que sobreviveram ao inverno desenvolvem novas raízes absorventes (Stepke y Carey, 2010).

Uma das maiores diferença que a videira apresenta em relação às demais árvores frutíferas, e que pode ser a origem de alguns problemas importantes na primeira etapa de desenvolvimento dos brotos, é o descompasso entre o inicio do crescimento dos brotos e das raízes (Callejas y Benavidez, 2005). Tal como assinala Freeman e Smart (1976), o inicio do crescimento das raízes, na cultivar Shiraz, na primavera, ocorreu aproximadamente 10 semanas mais tarde que o do broto. Esta posterior atividade da raiz é corroborada pelo trabalho realizado  por Andonova (1970) e Niimi e Torikata (1978), citados por Callejas y Benavides (2005),  que avaliaram a produção de hormônios na videira. Uma das razões que explica este comportamento, refere-se à temperatura do solo, fator que estaria controlando o inicio e termino do crescimento anual do sistema radicular. Para que este se inicie é necessário que a temperatura do solo esteja no mínimo acima de 6 oC, sendo o ótimo de 30 o(em avaliações de laboratório). Entre estes valores, observou-se uma grande variabilidade no crescimento anual das raízes, tal como menciona Erlenwein (1971) citado por Callejas e Benavides (2005), onde a 25 oC o desenvolvimento das raízes foi bem maior do que a 15 oC.

A quantidade de raízes geradas pode ser afetada pela demanda de carboidrato nos órgãos considerados sumidouros (folhas e frutos). Alta produtividade geralmente leva a redução do crescimento radicular. Uma poda limitada e a irrigação podem induzir maior geração de raízes. A produção de raízes também pode ser afetada pela interceptação da luz solar nas folhas (Eissenstat, 2007).

Existem muitos estudos que apontam que a videiras tem dois períodos de desenvolvimento de raízes, um na primavera e outro no outono, sendo que no verão a geração de novas raízes é pequenas ou nula (Lyr and Hoffman, 1967; van Zyl, 1988 e Mullins et al. 1992). O pouco desenvolvimento no verão ocorre devido à grande competição por carbono necessário para o desenvolvimento dos brotos e dos frutos, e, devido à baixa umidade em muitos solos (Comas et al, 2010). Observações detalhadas a campo da população de novas raízes indicou que a primeira etapa ocorre entre a floração e o inicio da maturação, tanto em clima Mediterrâneo como em clima temperado, apesar de que a ocorrência de desenvolvimento no verão, embora em anos com extrema falta de umidade no solo, pode ser sanado com irrigação (Comas et al, 2005; Eissensat et al. 2006; Bauerle et al. 2008 e Field et al. 2009). Em regiões de clima temperado onde as condições pós-colheita são favoráveis ao desenvolvimento, algumas raízes são produzidas (Field et al. 2009). Nas regiões de clima subtropical onde há um período curto entre a abertura das gemas e a colheita, mas um longo período pós-colheita favorável ao desenvolvimento, o desenvolvimento principal ocorre  pós-safra e não na primavera (Oag et al, 2009).

A capacidade de satisfazer as necessidades de nutrientes pela videira requer necessariamente, além das características químicas do solo, de uma ótima fertilização no momento adequado, para o qual é necessário conhecer o padrão de crescimento das raízes (Callejas y Benavides, 2005). Segundo Warner (2002), a utilização dos fertilizantes aplicados e as perdas por lixiviação, dependerão diretamente da atividade das raízes naquele momento. Portanto, enquanto a medida da curva de crescimento das raízes segue sendo uma incógnita, estaremos longe de utilizar um manejo eficiente dos fertilizantes, incorrendo em muitos casos, numa maior contaminação das camadas freáticas do solo (Callejas y Kania, 2002).

Demanda de nitrogênio

                Cerca de um quinto da demanda anual de nitrogênio é requerido entre a abertura das gemas e o florescimento (primeiro estágio). Durante este período a demanda da nova vegetação é maior do que a capacidade do sistema radicular em absorver. Este déficit é suprido pelas reservas existentes nas raízes e madeira permanente, perfazendo cerca de 20,4% da demanda total neste período. Isto demonstra a importância da reserva de nitrogênio, visto as raízes não terem a capacidade de suprir a demanda total (Conradie, 1986).

                No período compreendido entre o final da floração e o final do crescimento rápido dos brotos, a quantidade de nitrogênio absorvido passa de 195 mg para 226 mg por videira e por semana (Conradie, 1986). Conradie (1980), verificou que a demanda de nitrogênio neste estágio é semelhante à capacidade de absorção das raízes. Os órgãos reprodutivos (cachos)  utilizam 56% do nitrogênio absorvido durante este período (Conradie, 1986). A maior demanda de nitrogênio ocorre no próximo período (fim do rápido crescimento dos brotos e inicio da maturação), possivelmente devido à grande necessidade por este elemento pelos cachos que totaliza mais de 60% do total absorvido neste período. Entretanto, a quantidade absorvida pelas raízes é próxima desta demanda (Conradie, 1986).

                Do inicio da maturação até a colheita a necessidade de nitrogênio decresce um pouco, sendo neste caso os cachos os mais necessitados, cerca de 73% do nitrogênio absorvido. Sabe-se que a necessidade de nitrogênio pela videira decresce ou termina completamente quando as uvas estão completamente madura (Lafon et al. 1965; Conradie, 1980).

                A demanda de nitrogênio após a colheita (27% do total) geralmente ocorre próximo a queda das folhas. Cerca de 50% do nitrogênio absorvido pela videira, pós-safra, ocorre durante a queda das folhas. Na pratica, as folhas são retidas o máximo possível para aumentar a quantidade de nitrogênio na planta (Conradie, 1986).

                O nitrogênio absorvido após a colheita, não migra para as folhas, mas para os órgão permanentes. Este provavelmente é o fato que grande fração do nitrogênio absorvido após a colheita é diretamente incorporado na estrutura permanente da videira. No caso os ramos de ano armazenam uma pequena fração do nitrogênio absorvido na primavera (31%) e a estrutura permanente recebe o armazenado no verão (57,8%).

                O nitrogênio absorvido no período pós-colheita é de grande importância para formar a reserva e a adubação nitrogenada neste período deve receber especial atenção. A reserva de nitrogênio na videira pode ser aumentada consideravelmente se durante o outono as folhas forem mantidas na videira (Conradie, 1986).

                A videira absorve continuamente o nitrogênio, mas o máximo de exigências ocorre em três momentos:
                - Floração – queda da caliptra, limpeza da flor. Frequentemente a queda das flores (desavinho) deve-se a falta de nitrogênio neste período.

                - Formação dos frutos – logo após a floração.
                - Engrossamento rápido dos frutos.

Demanda de fósforo

                Nos primeiros 27 dias após a abertura das gemas não ocorrem significantes mudanças na quantidade de fósforo contida na videira, e, as raízes armazenam 82,1% do fósforo presente na planta. Uma absorção ativa aparece a partir do 22o dia após a abertura das gemas, e as reservas nas raízes dão sinal que estão abastecendo a nova vegetação. Durante o período que vai até o inicio da maturação, a absorção de fósforo aumenta rapidamente e a utilização das reservas radiculares diminui, há evidencia que o fósforo está sendo estocado nos 35 dias antecedentes ao inicio da maturação. Entretanto, o fósforo contido na planta está em constante renovação no período entre o inicio da maturação e a colheita, o conteúdo de fósforo nos cachos aumenta em função da transferência realizada pelas folhas. Na colheita a distribuição dos fósforo nos órgãos da videira é: tronco 5,4%, raízes 19,2%, ramos 13,9%, folhas 27,3% e cachos 34,1% (Conradie, 1981).

                A absorção aumenta consideravelmente nos 44 dias antes da queda das folhas, sendo estocado nas folhas, raízes, tronco e ramos. Durante o período  da queda das folhas a videira ainda ganha fósforo, mas as folhas carregam parte dele, assim como nitrogênio (Conradie, 1980). Isto causa significante redução de fósforo nos ramos. Calcula-se que as folhas carregam cerca de 31% do fósforo absorvido na sua queda. Durante o período de dormência não ocorrem significantes mudanças na concentração de fósforo na videira  (Conradie, 1981).

                Existem dois picos de absorção de fósforo, um da abertura das gemas ao inicio da maturação e o outro cerca de cinco semanas antes da colheita até a queda das folhas, o pico de absorção pós-colheita não é tão acentuado como o do nitrogênio (Conradie, 1980).

Demanda de potássio

                   Semelhante ao fósforo, a concentração de potássio na planta não sofre grandes alterações nos primeiros 22 dias após a abertura das gemas. O significante acúmulo de potássio nas brotações novas parece ser proveniente das raízes. Deste momento até o final do rápido desenvolvimento dos brotos, a absorção de potássio aumenta significativamente para alimentar as brotações novas e muito pouco vai para as partes permanentes da videira. Deste estágio até o inicio da maturação (35 dias), os cachos acumulam 2.117 mm de potássio, um pouco a mais que o restante da videira (2.092 mg). Observa-se uma leve diminuição da concentração de potássio nas folhas. A videira absorve 49% do requerimento anual no período que vai da floração ao inicio da maturação (Conradie, 1981).

                Durante o período de maturação a absorção de potássio decresce abruptamente, enquanto que a concentração nos cachos aumenta grandemente. No final, os cachos acumularam 1.436 mg de potássio, sendo esta quantidade fornecida pelas folhas, ramos e raízes (Conradie, 1981). Por outro lado, Lévy et al. (1972) não observou translocação de potássio no período pré-colheita nas videira com alta concentração de potássio. Por outro lado, Lafon et al (1965) observou apreciável  quantidade de potássio transferido das raízes para as folhas. Isto pode ser explicado pelas evidencias existentes que alguns portas-enxerto retém altas concentrações de potássio nos vacúolos celulares e assim transferem pouco para a parte aérea da videira (ex. 140 Ruggeri, P 1103) (Ruhl, 1991). Estudos realizados em região de clima quente na Austrália, observaram que os portas-enxerto oriundos do cruzamento Vitis berlandieri x Vitis rupestris (ex. R 110, 140 Ruggeri, P 1103, R 99, P1447) contem baixo teor de potássio nas folhas e transferem pouco aos frutos. Entretanto, os portas-enxerto descendentes da Vitis champii (ex. Dog Ridge e Freedom) contem alta concentração de potássio nos pecíolos e transferem grande quantidade para os frutos (Ruhl, 1991). Similar estudo foi feito na França onde encontraram que os portas-enxerto SO4 e Fercal absorvem e transferem mais potássio às folhas e frutos que os descendentes de Vitis riparia (Delas, 1992).

Por ocasião da colheita a uva contém 66,1% do total de potássio existente na videira. O restante está assim distribuído: tronco 4,7%, raízes 6,9%, ramos 11,7% e folhas 10,7% (Conradie, 1981).

Durante os 33 dias após a colheita ocorre significante aumento na concentração de potássio em todos os órgãos da videira, mas diferente do nitrogênio e do fósforo não há absorção de potássio no restante do período pós-colheita. Relativa pequena quantidade de potássio é perdida com a queda das folhas (13,6%) (Conradie, 1981).

Adubação de manutenção da videira
                Na literatura encontra-se diversas orientações para a adubação de manutenção (produção) da videira. Vamos citar neste caso duas indicações brasileiras:
1a - Rolas (2004), sugere que a adubação de manutenção seja orientada pela análise peciolar, neste caso indica para a adubação de manutenção para uva vinifera as seguintes quantidades:

Nitrogênio
Análise peciolar
Produtividade esperada
(T/ha)
Nitrogênio a aplicar
(kg N/ha)
Abaixo do normal
> 25
15 a 25
< 15
40 a 50
20 a 40
10 a 20
Normal
.> 25
15 a 25
< 15
25 a 50
15 a 25
0 a 15
Excessivo
.> 25
15 a 25
< 15
0
0
0
Fósforo
Análise peciolar
Fósforo a aplicar (kg P2O5/ha)
Abaixo do normal
40 a 80
Normal
0 a 40
Excessivo
0
Potássio
Análise peciolar
Produtividade esperada
(T/ha)
Potássio a aplicar
(kg K2O/ha)
Abaixo do normal
.> 25
15 a 25
< 15
120 a 140
80 a 120
60 a 80
Normal
.> 25
15 a 25
< 15
40 a 60
20 a 40
0 a 20
Acima do normal
.> 25
15 a 25
< 15
0
0

 2a - Malavolta (1997), diz que a videira necessita das seguintes quantidades de nutrientes para produzir uma tonelada de uva
        Macronutrientes (kg)                   Micronutrientes (gr)
        Nitrogênio          3,3                   Boro                 4,0
        Fósforo              0,6                   Cobre                4,0
        Potássio             2,0                   Ferro                3,0
        Cálcio                0,1                   Manganês          2,0
        Magnésio           0,1                   Molibdênio         0,003
        Enxofre             0,2                   Zinco                0,6