domingo, 26 de agosto de 2012

BROTAÇÃO DA VIDEIRA


A brotação da videira

 

As diferentes cultivares se distinguem umas das outras pelo seu ritmo vegetativo próprio, que se manifesta pela precocidade de brotação em condições naturais. Portanto, cada cultivar reage de modo diferente frente à temperatura e sofre uma evolução fisiológica cuja velocidade e intensidade depende sobre tudo do seu ritmo vegetativo.

A gema inicia sua elongação que termina com o aparecimento da ponta verde e a brotação, tudo isto em resposta a temperatura. Assim desenvolveu-se o conceito de horas grau de crescimento: isto é; a soma dos graus de diferença por hora entre uma temperatura dada e aquela considerada umbral necessário para iniciar a brotação. Cada variedade tem seu próprio requisito quanto ao umbral de temperatura para responder e também a soma térmica para completar o processo.

                   A brotação inicia quando a temperatura media diária ultrapassa os 10 oC por um período de 7 a 10 dias consecutivos. Além disso, é controlada pelo estimulo do hormônio de crescimento, citocinina, hormônio este sintetizado nas raízes e transportado via seiva para os ramos. Outro fator importante é que nas gemas já ocorreu à eliminação do hormônio que inibe o crescimento, o ácido abcissico.

Durante o mês de Agosto as temperaturas médias foram acima dos 10 oC e por diversos dias, isto apressou a brotação da videira.

Após o inicio da brotação o broto pode crescer lentamente se as temperaturas forem mais baixas, mas à medida que a temperatura vai subindo ele aumenta o seu ritmo, podendo então crescer de 2 a 10 cm por dia. Entretanto, se a temperatura chegar aos 35 oC ou mais se torna um fator limitante devido à dificuldade de realizar a fotossíntese nesta faixa de temperatura. A velocidade de crescimento e o vigor do broto são grandemente influenciados pela disponibilidade de nutrientes e de água.

Concomitantemente a brotação ou logo antes desta, ocorre o desenvolvimento das raízes. As raízes, em geral, iniciam o crescimento com temperatura do solo entre 5oC e 10oC, porem sua taxa máxima ocorre com 30 oC. Existem dois a três períodos de crescimento radicular. O primeiro ocorre no final do inverno, junto com a brotação ou pouco depois, quando a temperatura do solo ultrapassa os 10 oC, até a floração, e alcança sua taxa máxima pouco depois à do crescimento dos brotos, às vezes pouco antes do inicio da maturação; o segundo ou terceiro ocorre no final do verão e no outono, depois da colheita, de menor magnitude, cuja taxa máxima ocorre na queda das folhas em clima quente. Em clima frio ocorrem dois picos de taxas de crescimento, um até a floração e o outro, maior, pouco antes do inicio da maturação, porem não há crescimento pós colheita .

                Após a brotação, as inflorescências aparecem rapidamente entre as primeiras folhas. A maioria das cultivares a inserção da primeira inflorescência situa-se entre a 3a e 4a folha, algumas pode aparecer na segunda e outras na quarta. Após uma a duas semanas, se as condições climáticas e o vigor do ramo forem favoráveis, os botões florais, que se apresentam num amontoado, se separam e adquirem a forma definitiva.

domingo, 5 de agosto de 2012

A PODA DA VIDEIRA


A PODA DA VIDEIRA



                A poda é uma operação básica de cultivo do vinhedo praticada desde os primórdios da viticultura, pois encontramos citações na literatura grega e também na Bíblia sobre esta prática. Dentro da evolução vitícola a poda é uma das operações de cultivo que menos evoluíram.

Mediante a poda o viticultor adapta seu vinhedo às possibilidades reais que existem de solo, clima, meio biológico, variedade, etc. Objetivando-se sempre estabelecer e manter a videira, numa forma que reduza trabalhos e facilite as operações no vinhedo, tais como; manejo, controle de enfermidades e pragas, poda verde, raleio e colheita. Procurando distribuir o desenvolvimento lenhoso de sustentação ou da madeira de carga em toda a planta, entre as plantas e ao correr dos anos, de acordo com a capacidade dos sarmentos e das videiras, com a finalidade de regular a produção e obter colheitas uniformes e com frutos de qualidade.

A poda complementa e contribui com os demais elementos culturais: irrigação, fertilização, etc. Portanto, esta não pode ser considerada separadamente senão que, como tal ferramenta, é utilizada, junto às demais técnicas culturais e em função das possibilidades de cada planta, como um meio para alcançar as metas previstas minguando os aspectos desfavoráveis e potencializando os favoráveis.

A poda de produção tem como objetivo principal manter um determinado equilíbrio entre a vegetação (vigor, superfície folhar) e produção (numero e peso dos cachos). Está implícito que a poda regula as duas atividades, sobretudo determinando a carga de gemas (número por planta) e a distribuição no espaço vital reservado a cada videira conforme o sistema de sustentação, que obviamente deve ser mantido durante os anos, renovada, e, se necessitar, modificada ou substituída.

Os critérios do numero de gemas por metro a deixar dependem de muitos fatores, entre eles: histórico de produção, fertilidade das gemas, quilos de uva por hectare projetado, percentagem de brotação e densidade de plantio. A combinação de todos estes fatores é de grande ajuda para poder decidir, porém, deve-se levar em consideração o vigor de cada planta dentro do mesmo quadro e não podar todo o quadro da mesma maneira, já que poderíamos agravar o problema, deixando menor quantidade de gemas num setor vigoroso e muitas gemas por planta num setor débil.

Numa forma mais simples, se deixam as gemas suficientes para produzir o mesmo número de brotes do ano anterior, se existe equilíbrio, porém maior quantidade, até o ponto de não produzir sombra indesejável, se o vigor é excessivo, e menor quantidade se o vigor não foi suficiente. Em todo o caso, ambas as condições estão também relacionadas com o manejo da fertilidade e da umidade do solo. A poda muito severa, que determina uma carga baixa de uva, não permite expressar a capacidade da videira, aumenta o vigor dos brotos e provoca o nascimento de chupões, acentuando o desequilíbrio vegetativo/produtivo; uma poda muito suave, que determina uma grande quantidade de brotos e uma carga exagerada, deteriora o micro clima inicialmente, a maturação da uva e a lignificação dos sarmentos são deficientes e a videira se debilita.