domingo, 21 de outubro de 2012

O MÍLDIO DA VIDEIRA


MILDIO (Peronóspora, Mufa ou Mofo)

                              

                               O Míldio da videira é causado pelo fungo Plasmopora vitícola (Berk & Curt).

                No outono as folhas caem e aquelas atacadas pelo Míldio durante o ciclo vegetativo conservam no seu interior as unidades de reprodução (oósporos) do Míldio, embora estas folhas se decomponham estas unidades de reprodução continuam no material em decomposição. Além disso, pode passar o inverno na forma de micélio dormente sobre os sarmentos que foram atacados durante o ciclo vegetativo. Na primavera quando a temperatura ultrapassar os 10 oC e chover no mínimo 10 mm ocorre à germinação. Os esporos (zoósporos) formados na germinação são espalhados pelos pingos da chuva e transportados pelo vento. Ao caírem sobre a folha, por possuirem cílios que se movimentam, encistam-se no estômato da folha e penetram, instalando-se no espaço interno (câmara estomática), daí o micélio que se forma expande-se através do espaço intercelular colonizando o tecido do hospedeiro. Sob condições favoráveis de temperatura e umidade o tempo decorrido entre a penetração e a germinação é de 90 minutos. Cerca de 4 dias após a infecção, dependendo da idade da folha, da cultivar, da temperatura e da umidade, aparecem os primeiros sintomas do ataque, as manchas amarelas sobre a folha (manchas de óleo).
Mancha de óleo  (Foto Antonio Santin)

                Dentro de um a três dias após o aparecimento da mancha de óleo surge a mancha de conídios (mancha branca) na parte inferior da folha, correspondente a mancha amarelada. Mas para que isto ocorra é necessário que a temperatura mínima esteja  acima de 13 oC e umidade relativa acima de 80%, a partir disto poderão ocorrer às infecções secundárias.
Mancha de conídio (Foto Antonio Santin)


                Nestas manchas de míldio formam-se os esporângios que irão produzir os zoósporos para causar a infecção secundária, isto ocorrerá se a umidade relativa do ar estiver acima de 95%, pelo menos por quatro horas, temperatura acima de 13 oC e ausência de luz. Após o inicio da esporulação, o processo é contínuo, desde que a temperatura esteja acima de 11 oC. Os zoósporos são dispersos pela chuva e/ou vento e são transportados para causarem novas infecções.

                 Todos os fatores que contribuem para aumentar o teor de água no solo, ar e planta favorecem o desenvolvimento do Míldio. Dificilmente ocorre infecção se a umidade do ar for inferior a 75%, porém, ela será grande quando o período de água livre (chuva, orvalho ou neblina) for maior de três horas e sob condições de céu encoberto e encontram as melhores condições para o seu desenvolvimento com temperatura entre 23 a 25 oC.

                   O fungo incide sobre todos os órgãos verdes da planta, preferencialmente naqueles mais tenros, desenvolvendo um micélio que neles penetra para absorver a seiva.

SINTOMAS

FOLHAS – os primeiros sintomas podem aparecer quando as folhas são ainda muito pequenas (no momento que são formados os estômatos), cerca de 3 cm de largura, pois neste estágio tem a máxima sensibilidade e à medida que vão envelhecendo decresce esta sensibilidade. Inicialmente aparecem manchas amareladas na superfície superior da folha (mancha de óleo) e na pagina inferior, correspondente à mancha de óleo, em condições de alta umidade aparece uma mancha branca constituída pela frutificação do fungo. Mais tarde elas tomam a coloração pardo-avermelhada podendo confluir uma macha com a outra e abranger grande parte do limbo folhar.   As folhas que apresentam muitas manchas em ótimo desenvolvimento caem prematuramente privando a planta de seu órgão de nutrição, interrompendo o desenvolvimento dos cachos e sarmentos, depauperando a planta e prejudicando a produção do ano seguinte.

                 O efeito negativo ao ataque foliar é devido à perda do principal órgão de assimilação da planta com repercussão negativa direta seja na produção quantitativa e qualitativa, ou seja, na maturação dos sarmentos e das gemas, potenciais produtivos do ano seguinte.
Foto Antonio Santin

BROTOS – Os brotos e sarmentos são normalmente infectados nos estádios iniciais de crescimento, ou em suas extremidades, antes da lignificação. Os ramos doentes apresentam coloração marrom-escura, com aspecto de “escaldado”. Os nós são mais sensíveis do que os entrenós. Infecções em ramos novos causam o secamento dos mesmos. Este dano será observado durante a poda de inverno.
                                       Sintomas no nó do ramo tenro (Foto Antonio Santin)

Sintomas no nó do ramo verde (Foto Antonio Santin)
                             Sintomas no ramo maduro (Foto Antonio Santin)

CACHOS E UVA – o ataque do míldio sobre a inflorescência (antes da floração) ou no cacho recém formado (logo após a floração) causa perda elevada de produção. Quando ocorre sobre a inflorescência a danifica deixando-a em forma de gancho. Na floração, o patógeno provoca o escurecimento e destruição das flores afetadas, sintomas muito semelhantes aos ocasionados pela antracnose. Nos estádios da pré-floração e em bagas pequenas, o fungo penetra pelos estômatos, causando escurecimento e secamento destes órgãos, observando- se uma eflorescência branca que é a frutificação do fungo.

                Se o ataque acontecer mais tarde (bagoinhas), causa a podridão cinzenta. As bagas tomam uma coloração verde azulada, paralisa seu crescimento, endurecem, cobrem-se de eflorescência branca, secam e caem.

Quando as bagas atingem mais da metade do seu desenvolvimento o ataque do fungo pode ocorrer pelo pedicelo e posteriormente colonizá-la. As bagas infectadas nessa fase apresentam uma coloração pardo-escura, e é facilmente destacável do cacho, não havendo formação de eflorescência branca característica. Os ataques na inflorescência e nos cachos são os mais danosos, pois atingem diretamente o produto final podendo comprometer totalmente a produção.

Foto Antonio Santin

CONTROLE

             No inicio do ciclo vegetativo da videira quando a área foliar ainda é pequena, a temperatura não está dentro da faixa ótima para o desenvolvimento do míldio e a quantidade de inoculo é pequena, embora ocorram chuvas, os estragos que podem ser causados pelas infecções primárias são insignificantes. Nesta fase correspondem aos primeiros tratamentos, entre 2 a 3 folhas visíveis e os cachos visíveis, as intervenções podem ser feitas com produtos de contato, mesmo com tempo chuvoso. Embora não seja errado o uso de produtos sistêmicos ou de profundidade. Entretanto, devemos considerar que estamos usando produtos sistêmicos ou de profundidade numa fase que não são necessários, comprometendo a sua utilização mais tarde (devido o risco de resistência é aconselhável usá-los 3 a 4 vezes por ciclo vegetativo) e, além disso, são mais caros. Numa fase posterior que vai dos cachos separados ao inicio da floração, podemos usar qualquer tipo de fungicida, dependendo das condições climáticas: tempo seco e sem míldio visível usar fungicidas de contato; tempo úmido, embora sem a presença de míldio, é aconselhável usar produtos sistêmicos ou penetrantes.

                Na fase de floração é aconselhável o uso de produtos sistêmicos ou de profundidade, a não ser que o tempo seja seco e então podemos usar produtos de contato.

                A partir do inicio da formação do grão, que geralmente coincide com o final de Outubro, entramos num período critico onde a ocorrência de míldio poderá ser muito grande, devido às condições de umidade e temperatura, e este período se estende normalmente até final de Novembro. Neste período devemos seguir tratando com produtos de ação sistêmica ou de profundidade. A partir desta data, final de Novembro, se o tempo for seco podemos tratar com produtos de contato, mas se o tempo for chuvoso é aconselhável utilizar produtos sistêmicos ou de profundidade. Sempre observando que a partir do grão tamanho de ervilha, como neste estágio a transpiração deste órgão é muito pequena, os produtos sistêmicos terão pouca ação no controle da doença sobre os grãos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A FLORAÇÃO DA VIDEIRA



A FLORAÇÃO
A floração ocorre quando a caliptra se abre expondo os estames (órgãos masculinos) e o pistilo (órgão feminino). Isto ocorre normalmente 6 a 8 semanas após a brotação, dependendo das condições climáticas, e dura normalmente ao redor de duas semanas. Imediatamente após a queda da caliptra, as anteras, localizadas nos estames, se abrem e libertam os grãos de pólen. Alguns destes grãos aderem-se nas substancias liberadas pelo estigma localizado na ponta do pistilo. A secreção estimática consiste de açúcar, proteínas e nutrientes minerais essenciais ao desenvolvimento do tubo polínico. Se as condições climáticas são favoráveis, os grãos de pólen germinam e formam o tubo polínico que penetra no estigma, percorrendo todo o pistilo até alcançar o ovulo e então ocorrerá a fecundação.

                O fator climático tem grande influência na fecundação da flor e formação do fruto. Com temperaturas  abaixo de 15 oC ou acima de 37oC há inibição da formação do tubo polínico e consequentemente não ocorre à fecundação do ovulo. Baixas temperaturas interferem no processo fotossintético (causam redução momentânea de açúcar), ou agem diretamente na flor, a caliptra não se abre, enquanto que tanto nas baixas como nas altas há menor fecundação do ovulo por dificultar o desenvolvimento do tubo polínico e a própria fecundação do ovulo. Chuvas durante a floração, ou alta umidade, também reduzem a fecundação do óvulo por impedir a completa abertura da caliptra. A chuva pode também diluir o fluido estimático e isto interfere na germinação do grão de pólen e, além disso, causa a aglomeração dos grãos.

                Além das condições climáticas as flores podem ser destruídas pela ação de fungos, como a Antracnose, Botrytis e o Míldio.

Antracnose - Os cachos são suscetíveis à antracnose desde a sua formação até o inicio da maturação. As lesões no ráquis e nos pedicelos são semelhantes a que ocorrem nos brotos. Nas inflorescências, causa a seca, o escurecimento e a queda dos botões florais.

Botrytis - Após a queda da caliptra (florescimento), o fungo invade a inflorescência. No final do florescimento, a Botrytis frequentemente desenvolve-se nas caliptras mortas, estames, e nas bagas abortadas que permanecem nos cachos. Deste ponto o fungo ataca o pedicelo ou o rachis, forma pequenas manchas escuras. Estas lesões circulam o pedicelo ou o raquis e aquela porção do cacho morre e cai.  Há evidencias que os esporos infestam as flores durante o florescimento e neste estágio, podem destruir totalmente ou parcialmente a inflorescência ou permanecer latente e então não aparecerá nenhum sintoma enquanto as bagas não começarem a acumular açucares. Portanto, é muito importante a realização de aplicações preventivas de fungicidas no inicio do florescimento e no final para evitarmos o ataque por Botrytis.

Míldio - O ataque do míldio sobre a inflorescência (antes da floração) ou no cacho recém formado (logo após a floração) causa perda elevada de produção. Quando ocorre sobre a inflorescência a danifica deixando-a em forma de gancho. Na floração, o patógeno provoca o escurecimento e destruição das flores afetadas, sintomas muito semelhantes aos ocasionados pela antracnose. Nos estádios da pré-floração e em bagas pequenas, o fungo penetra pelos estômatos, causando escurecimento e secamento destes órgãos, observando- se uma eflorescência branca que é a frutificação do fungo.

Para o controle destas doenças durante a floração é aconselhável o uso de produtos sistêmicos ou de profundidade, a não ser que o tempo seja seco e então podemos usar produtos de contato.