quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

PODRIDÃO DA UVA MADURA


                Esta doença é causada pelo fungo Glomerella cingulata (Stonem)  Spauld e Schrenk, fase perfeita ou sexual de Colletotrichum gloeosporioides (Penz) Penz e Sacc,  fase imperfeita ou assexual.

                O fungo sobrevive de um ciclo vegetativo da videira a outro nos frutos mumificados e nos pedicelos que são a fonte de inoculo primário. Durante a primavera ocorrendo chuvas os conídios produzidos pelos micélios sobreviventes causam a infecção primaria. Os conídios causam todas as infecções secundárias durante todas as estações, tão logo a temperatura e umidade tornam-se favoráveis, sendo que a disseminação ocorre pela ação da chuva, vento, animais e insetos.

A produção de conídios é abundante durante a primavera, mas decresce no verão. Os frutos são suscetíveis a infecção durante todos os estágios de desenvolvimento desde as bagas recém formadas até a maturação, mas não apresentam nenhum sintoma antes da maturação. O desenvolvimento da doença é favorecido com altas temperaturas (25 a 30 oC) e umidade.  A hifa penetra na cutícula da uva e permanece latente até a uva iniciar a maturação, quando então aparecem os sintomas primários. Quando os frutos estão maduros a hifa coloniza o pericarpo inter e intracelular e os acérvulos são formados sobre a superfície do fruto. Estudos indicam que o processo da infecção desde a germinação dos conídios, formação de apressório e penetração em bagas em desenvolvimento ocorrem dentro de 48 a 72 horas, entretanto o patógeno permanece em estado latente até a maturação dos frutos.

 A literatura mostra que há dois picos de liberação de conídios, no inicio da primavera, quando os frutos mumificados, da safra anterior, estão presentes e, durante a maturação da uva, devido à presença de frutos em estado de apodrecimento.

                O desenvolvimento de epidemias da doença é restringido pela disponibilidade de água livre em todas as fases do ciclo do patógeno. Não somente a esporulação requer alta umidade, mas também a liberação e a dispersão dos esporos, molhamento no mínimo por 4 horas e temperatura entre 20 a 25 oC são condições requeridas para a germinação e a infecção.

                As perdas causadas por esta doença variam de região para região e conforme a suscetibilidade da cultivar. A sua incidência é maior em anos com temperaturas elevadas e muita umidade durante o período de maturação da uva. Além da uva este fungo ataca maçã, moranguinhos, e outras frutas e vegetais.

Sintomas

                   Os primeiros sintomas, nos frutos, são o aparecimento de pequenas manchas concêntricas de coloração escura. Posteriormente estas manchas podem se alargar tomando toda a baga. Sobre as manchas apodrecidas forma-se uma camada de fungo de coloração salmão. Mais tarde a massa de esporos torna-se escura (marrom-avermelhada). As bagas apodrecidas apresentam depressões no ponto de infecção e gradualmente tornam-se murchas e mumificam, podendo permanecer no cacho ou cair.

                Não se conhece sintomas desta doença sobre outros órgãos verdes da planta.

 
 
 
Controle
                Algumas medidas preventivas são importantes para reduzir a fonte de inoculo, como a retirada dos cachos com bagas mumificadas logo após a colheita e aplicação de calda bordalesa durante o inverno. Durante o ciclo vegetativo: boa aeração e insolação dos cachos; realizar poda verde; utilizar adubação adequada evitando o excesso de nitrogênio; evitar ferimentos nas bagas; proporcionar um bom distanciamento dos cachos; retirar as folhas próximas aos cachos, mas evitando a exposição direta dos cachos ao sol.
                Tratamento com fungicidas específicos devem começar logo após a floração e seguir até próximo a colheita. No controle químico os produtos indicados são: fungicidas de contato – clorotalonil, folpet, folpan, dithianon, mancozeb; Fungicidas de profundidade – famoxadone e pyraclostrobina e fungicidas sistêmicos – tiofanato metílico e tebuconazole.       
                O controle químico deve ser efetuado nos seguintes estágios:
a)   – após a floração, grão limpo – aplicar um fungicida sistêmico.
b)   -  inicio da compactação do cacho e inicio da maturação – aplicar um fungicida de profundidade.
c)   – a partir do inicio da maturação aplicar produtos de contato que ao mesmo tempo servirão para o controle do míldio, sempre respeitando o período de carência de cada produto.
   
BIBLIOGRAFIA
BERTON, O -  Avaliação da eficiência de Dithane e Cercap com e sem Agróleo no     controle da    Mancha Foliar da Gala.    Epagri/Estação Experimental de          Caçador.
 
GARRIDO, L. R. e SONEGO, O.R. – Podridão da Uva Madura ou Podridão de Glomerella – Biologia, Epidemiologia e Controle. EMBRAPA-CNPUV, Bento Gonçalves, 2004.
PEARSON, R.C. and GOHEEN, A.C. – Compendium of grape diseases. 1st ed. American Phytopathological Society Press, St. Paul, Minnesota, USA. 1988.