quinta-feira, 7 de agosto de 2014

PERÍODO DA BROTAÇÃO DA VIDEIRA

               No final do inverno ou inicio da primavera quando a temperatura aumenta e as gemas são rehidratadas (chuva, neblina, alta umidade relativa do ar), elas gradualmente desaclimatam e perdem a resistência a baixas temperaturas. As enzimas dependentes da temperatura começam a ser ativadas, seu grau de ativação dobra a cada 10 oC de aumento da temperatura.  Com o aquecimento do solo, a atividade radicular é ativada e o sistema capilar conduz a água para o tronco e parte aérea, resultando na circulação da seiva e aumentando a hidratação das gemas. As gemas incham e iniciam a nova conexão vascular.
                No interior das gemas dormentes encontra-se um diminuto broto totalmente formado (gema primária), composto pelos primórdios florais e alguns nós com os primórdios foliares. Quando este broto inicia a sua expansão, o seu meristema apical torna-se ativo e inicia a formação das novas folhinhas. Se esta gema primária for danificada, as gemas menores (secundárias ou terciárias) são ativadas. Estas gemas secundárias e terciárias carregam algumas folhas e alguns cachos ou não e vão formar o dossel vegetativo, mas com pouca produção.
                        A ponta apical do pequeno broto em formação produz auxinas, que é um hormônio que ativa a reativação e o desenvolvimento do sistema vascular. Estas auxinas enviam sinais para as gemas emergentes que resulta no desenvolvimento do novo sistema vascular, unindo a gema ao ramo e estimulam o ramo a ativar a divisão celular no cambio. Este estimulo expande-se via o cambio para os braços e tronco; e assim vão se formar os novos vasos do xilema e do floema. Se as gemas e o tronco forem danificados pelo frio do inverno este processo pode ser interrompido causando a interrupção da conectividade entre as gemas e as raízes.
                Na primavera, o solo normalmente se aquece mais lentamente do que o ar, então a formação do novo xilema e floema do sistema radicular também sofrem atraso em relação ao desenvolvimento aéreo. O desenvolvimento radicular também é dependente do sinal da auxina da ponta de crescimento, e o sistema vascular – da ponta de crescimento para as raízes – somente é reativado plenamente uma semana ou duas após a floração. Por este motivo, a nova brotação é dependente das reservas existentes nos braços, tronco e raízes. O nitrogênio e o amido necessários para o desenvolvimento inicial provem dos braços e tronco (1/3) e raízes (2/3). Amido e nitrogênio armazenados nos tecidos são mobilizados no período da brotação até a floração, inicialmente nos tecidos dos ramos próximo as gemas. Durante a floração a nova vegetação já é capaz de produzir suficiente carboidratos para suportar o seu crescimento. O sistema vascular já está conectado e apto a absorver os nutrientes, inclusive o nitrogênio, e água necessária para a vegetação.
Fatores que afetam o período de abertura das gemas
Temperatura – O efeito da temperatura é predominante e provavelmente a soma das temperaturas para cada variedade. Alta temperatura na parte final do inverno adianta o período de inicio da brotação. O numero de gemas brotadas por dia é grandemente correlacionada com a temperatura do ar no dia da sua abertura.
Variedade – Independente do clima e das condições sazonais, a ordem de brotação das diferentes variedades tendem a ser mantida. Por exemplo, Chardonnay continua brotando mais cedo, enquanto o Cabernet Sauvignon continua brotando mais tarde.
Temperatura na região das raízes – A data da brotação das gemas é positivamente relacionada com a temperatura do solo na região das raízes. Temperatura do solo de 25 oC induz a brotação mais precoce do que a 12 oC. Esta relação tem influência na escolha do local do vinhedo e no manejo do solo. Isto porque solo bem drenado, rochoso ou calcárico aquecem mais rapidamente na primavera do que o úmido e argilosos, isto pode ser uma alternativa para aumentar o comprimento do ciclo vegetativo e para aumentar o período de maturação.
Outros fatores – Genótipo do porta-enxerto, praticas culturais, época da poda e o uso de reguladores de crescimento como a cianamida hidrogenada podem influenciar na época de brotação.


BIBLIOGRAFIA
AWRI – Bud dormancy an budburst. Research to Practice. www.awri.com.au
HELLMAN, Ed. – Grapevine Cold Hardiness. Texas Cooperative Extension. 2007.
HOWELL, G.S.  – Grapevine cold hardiness: mechanisms of cold acclimation, mid-winter hardiness maintenance, and spring deacclimation. Proceedings of the ASEV Fiftieth Anniversary Meeting Seattle, Washington. American Society of Enology and Viticulture, Davis, Calif. 2000.
MARTINSON, T. and GOFFINET, M.  – How Grapevines Reconnect in the Spring. Cornell University. College of Agriculture and Life Sciences Viticulture and enology Program.
MARTINSON, T. – How Grapevine Buds Gain and Lose cold-Hardiness. Cornell University. College of Agriculture and Life Sciences Viticulture and enology Program. 2007.
MULLINS, M.G., BOUQUET, A. and WILLIANS, L.E. – Biology of grapevine. Cambridge University Press, Cambridge. 1992.
WAMPLE, R.L., HARTLEY, S. and MILLS, L. – Dynamics of grapevine cold hardiness. Proceedings  of the ASEV Fiftieth Anniversary Meeting Seattle, Washington. American Society of Enology and Viticulture, Davis, Calif. 2000.