OPERAÇÕES
PÓS-COLHEITA DA UVA
Com a colheita da uva não
significa que o viticultor esteja em férias, existem cuidados que devem ser
tomados na pós-colheita e que são muito importantes na vida da planta e no
desenvolvimento da vegetação no ciclo vegetativo seguinte. Entre estes cuidados
podemos citar; tratamentos fitossanitários, adubação, semeadura de cobertura
verde e, se necessário, coleta de amostra de solo para análise.
A videira, como as outras plantas, tem a capacidade de manufaturar seu
próprio alimento através do aproveitamento da energia solar que a converte em
energia química. A intensidade com que este aproveitamento da energia solar
ocorre (fotossíntese) depende da temperatura, umidade atmosférica,
disponibilidade hídrica do solo, intensidade luminosa e da fertilidade do solo.
Os produtos oriundos da fotossíntese são normalmente chamados de
fotoassimilados (açucares e outros carboidratos), que é o alimento energético
utilizado pela planta para o seu desenvolvimento e para manter as funções
vitais.
O aproveitamento destes fotoassimilados, em menor
ou maior quantidade, varia conforme a estação do ano, dependendo da produção de
fotoassimilados e da demanda de cada parte da planta. A maioria dos produtos elaborados são inicialmente
enviados as partes em crescimento, como os ramos, frutos e raízes. Durante a
maturação da uva a preferência é para atender os frutos e somente o excesso é
que vai para a reserva. Após a colheita todos os fotoassimilados são
direcionados as raízes e tronco para formar a reserva de carboidratos. Esta
reserva de carboidratos, nas raízes e tronco, serve para prover de energia a
nova brotação no ano seguinte. Por este motivo é muito importante manter as
folhas sadias após a colheita até a senescencia das mesmas para que elaborem
fotoassimilados a fim de abastecer os órgãos permanentes (raízes, tronco) com carboidratos
e isto conseguiremos se continuarmos tratando a folhagem a fim de evitar a
entrada de doenças e assim mantê-las na planta o maior tempo possível.
A
disponibilidade de carboidratos, como fonte de reserva, no inicio do ciclo
vegetativo é muito importante porque a videira, diferentemente das outras
árvores frutíferas, apresenta diferença entre o inicio do crescimento dos
brotos e das raízes. Normalmente as raízes iniciam o crescimento após o
aparecimento dos brotos, isto porque a temperatura do solo geralmente limita tanto a
expansão do sistema radicular como a sua proliferação, principalmente no inicio
da temporada de crescimento, e a videira depende então destes carboidratos para
as suas funções vitais.
A
demanda por nutrientes no inicio do ciclo vegetativo não pode ser atendida
pelas novas raízes e a planta vale-se então das reservas existentes. Estudos
indicam que nas primeiras semanas de desenvolvimento da vegetação cerca de 50%
do nitrogênio e do fósforo, 15% do potássio e 5% do cálcio e do magnésio são
provenientes das reservas.
Conradie
(1980 e 1981) determinou a
absorção de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio em cada fase do
ciclo vegetativo.
Elemento
|
Brotação a floração (%)
|
Floração
(%)
|
Final da floração ao inicio da maturação (%)
|
Inicio da maturação a colheita
(%)
|
Pós- colheita
(%)
|
Nitrogênio
|
14
|
14
|
38
|
-
|
34
|
Fósforo
|
16
|
16
|
40
|
-
|
28
|
Potássio
|
15
|
11
|
50
|
9
|
15
|
Cálcio
|
10
|
14
|
46
|
8
|
22
|
Magnésio
|
10
|
12
|
43
|
13
|
22
|
Isto demonstra a importância da adubação pós-colheita,
pois os nutrientes absorvidos após a colheita, não migram para as folhas, mas
para os órgãos permanentes e servirá para suprir a necessidade inicial quando
as raízes absorvem menos nutrientes do que a planta necessita.
A
manutenção e/ou instalação de cobertura verde no solo (adubação verde)
desempenha papel importante na conservação do solo e na fertilidade do solo,
por melhorar o controle da erosão, manter a fertilidade, aumentar a porosidade
devido à penetração das raízes e sua decomposição, aumentar o teor de matéria
orgânica, melhorar a atividade biológica, além da possibilidade de diminuir o
uso de herbicidas. Várias espécies podem ser utilizadas para este fim, como
aveia preta, ervilhaca, nabo forrageiro, azevém e a manutenção da própria
vegetação espontânea.