terça-feira, 21 de julho de 2015

A PODA E O EQUILÍBRIO DA VIDEIRA


                   Considera-se uma videira equilibrada quando apresenta adequado desenvolvimento vegetativo, produtividade adequada, e qualidade da produção adequada, como teor de açúcar, acidez, e compostos aromáticos. O manejo do dossel vegetativo e as práticas agrícolas podem impactar diretamente este equilíbrio modificando a produtividade. As práticas culturais podem também influenciar a qualidade e a nutrição. O conceito de videira equilibrada é complexo devido aos muitos fatores que interferem em seu desenvolvimento, frutificação e maturação. As características locais, como solo, disponibilidade de água e clima, combinadas com o desenho do vinhedo, cultivar, práticas culturais, doenças, pragas, e produtividade são fatores que determinam o método apropriado para se obter o equilíbrio.

Poda para manejar o equilíbrio

                   A poda é fundamental para manter o tamanho da videira e sua arquitetura a fim de otimizar a produtividade. O número de gemas retidas na poda podem influenciar grandemente o desenvolvimento e a produtividade da videira. Enquanto o espaçamento e o sistema de condução nos dá uma ideia de quantas gemas devem ser deixadas para preencher o espaço, é importante considerar o estado sanitário da videira para determinar o número de gemas a ser mantidas:

Videiras vigorosas - pode-se deixar maior número de gemas porque elas tem a quantidade adequada de substâncias de reserva para suportar maior número de brotos na fase inicial do ciclo vegetativo. Videiras vigorosas normalmente tem maior sistema radicular e tem maior acesso a nutrientes no solo, consequentemente suficiente absorção de nutrientes para suportar o desenvolvimento vegetativo e a produção. Por outro lado, se restringimos o número de gemas pode levar a emissão de excesso de brotações, brotos ladrões, e redução da produção. O resultado final é que estas plantas entrarão em desequilíbrio. Devemos considerar também, quanto mais gemas deixarmos em videiras vigorosas para obter o equilíbrio, maior aglomeração de brotos ocorrerá e isto sombreará a copa.

Videiras fracas - estas plantas devem ser podadas mais severamente, deixando poucas gemas se comparadas a plantas vigorosas. Isto permite que imprima bom desenvolvimento inicial dos brotos e reduzida produtividade. Deixando muitas gemas em plantas fracas terão dificuldades em suportar a vegetação e a produção com as reservas disponíveis. Portanto, eliminação de cachos é necessário para manter o equilíbrio adequado entre a vegetação e a produção.

Método de poda para manter o equilíbrio

                   Para tomar a decisão de poda com base no desenvolvimento no ciclo anterior um dos métodos utilizados se baseia na pesagem dos sarmentos podados. Dependendo do vigor da videira, que é determinado pela pesagem dos sarmentos, um certo número de gemas são deixadas. Para as primeiras 500 gramas de peso, 10, 20 ou 30 gemas são deixadas por videira. Adicionalmente são deixadas mais 10 gemas para cada 500 gramas subselentes, dependendo do vigor da videira (ver tabela abaixo).

                Sabe-se que é impraticável calcular planta por planta, por isso, faz-se uma média de cada quadro e calcula-se o número de gemas daquele quadro.

Método de poda equilibrada
Vigor
Peso médio dos sarmentos
Número de gemas por planta
Baixo
< 10 g
10 + 10
Moderado
20 a 40 g
20 + 10
Alto
> 60 g
30 + 10

 

                Ravaz sugere que para verificar se a videira está equilibrada, necessitamos conhecer o peso da poda (na poda de inverno) e a produtividade da ultima safra. Calcular a relação existente entre a produtividade e o peso de poda (índice de Ravaz). Se a relação for de 5 a 10, a videira está equilibrada. Maior relação geralmente indica excesso de produção.

Índice de Ravaz = kg de uva (safra anterior)/ kg de sarmentos =  (5 a 10).

                Outro índice comumente usado é a relação área foliar/carga de frutos. Os valores de peso de poda ou área foliar requerido para suportar uma unidade de peso de frutos variam consideravelmente, dependendo da região, da variedade, práticas de manejo (sistema de condução), produto desejado e os métodos de medição utilizados.

                Por outro lado, em muitas regiões a fotossíntese não é somente limitada pela temperatura senão também pela intensidade luminosa. Com baixa intensidade luminosa incidente, há necessidade de uma maior área foliar para maturar a mesma quantidade de peso de frutos.

                Outro fator determinante é o período de tempo pós-colheita. É importante considerar que uma proporção significativa dos carboidratos da fruta colhida provem da mobilização das reservas. Durante o período entre a colheita e a queda das folhas, estas reservas devem ser restabelecidas para completar a diferenciação das gemas e permitir o crescimento inicial na temporada seguinte. Como resultado, em regiões frias, com um curto período de retenção das folhas fotossinteticamente ativas no pós-colheita, requer uma maior superfície foliar para maturar uma unidade de peso de fruta.

 

BIBLIOGRAFIA

 

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