Considera-se
uma videira equilibrada quando apresenta adequado desenvolvimento vegetativo,
produtividade adequada, e qualidade da produção adequada, como teor de açúcar,
acidez, e compostos aromáticos. O manejo do dossel vegetativo e as práticas
agrícolas podem impactar diretamente este equilíbrio modificando a
produtividade. As práticas culturais podem também influenciar a qualidade e a
nutrição. O conceito de videira equilibrada é complexo devido aos muitos
fatores que interferem em seu desenvolvimento, frutificação e maturação. As
características locais, como solo, disponibilidade de água e clima, combinadas
com o desenho do vinhedo, cultivar, práticas culturais, doenças, pragas, e
produtividade são fatores que determinam o método apropriado para se obter o
equilíbrio.
Poda para manejar o equilíbrio
A
poda é fundamental para manter o tamanho da videira e sua arquitetura a fim de
otimizar a produtividade. O número de gemas retidas na poda podem influenciar
grandemente o desenvolvimento e a produtividade da videira. Enquanto o
espaçamento e o sistema de condução nos dá uma ideia de quantas gemas devem ser
deixadas para preencher o espaço, é importante considerar o estado sanitário da
videira para determinar o número de gemas a ser mantidas:
Videiras vigorosas - pode-se
deixar maior número de gemas porque elas tem a quantidade adequada de
substâncias de reserva para suportar maior número de brotos na fase inicial do
ciclo vegetativo. Videiras vigorosas normalmente tem maior sistema radicular e
tem maior acesso a nutrientes no solo, consequentemente suficiente absorção de
nutrientes para suportar o desenvolvimento vegetativo e a produção. Por outro
lado, se restringimos o número de gemas pode levar a emissão de excesso de
brotações, brotos ladrões, e redução da produção. O resultado final é que estas
plantas entrarão em desequilíbrio. Devemos considerar também, quanto mais gemas
deixarmos em videiras vigorosas para obter o equilíbrio, maior aglomeração de
brotos ocorrerá e isto sombreará a copa.
Videiras fracas - estas
plantas devem ser podadas mais severamente, deixando poucas gemas se comparadas
a plantas vigorosas. Isto permite que imprima bom desenvolvimento inicial dos
brotos e reduzida produtividade. Deixando muitas gemas em plantas fracas terão
dificuldades em suportar a vegetação e a produção com as reservas disponíveis.
Portanto, eliminação de cachos é necessário para manter o equilíbrio adequado
entre a vegetação e a produção.
Método de poda para manter o
equilíbrio
Para
tomar a decisão de poda com base no desenvolvimento no ciclo anterior um dos
métodos utilizados se baseia na pesagem dos sarmentos podados. Dependendo do
vigor da videira, que é determinado pela pesagem dos sarmentos, um certo número
de gemas são deixadas. Para as primeiras 500 gramas de peso, 10, 20 ou 30 gemas
são deixadas por videira. Adicionalmente são deixadas mais 10 gemas para cada
500 gramas subselentes, dependendo do vigor da videira (ver tabela abaixo).
Sabe-se que é impraticável
calcular planta por planta, por isso, faz-se uma média de cada quadro e
calcula-se o número de gemas daquele quadro.
Método
de poda equilibrada
|
||
Vigor
|
Peso
médio dos sarmentos
|
Número
de gemas por planta
|
Baixo
|
< 10 g
|
10 + 10
|
Moderado
|
20 a 40 g
|
20 + 10
|
Alto
|
> 60 g
|
30 + 10
|
Ravaz sugere que para verificar se a videira está equilibrada,
necessitamos conhecer o peso da poda (na poda de inverno) e a produtividade da
ultima safra. Calcular a relação existente entre a produtividade e o peso de
poda (índice de Ravaz). Se a relação for de 5 a 10, a videira está equilibrada.
Maior relação geralmente indica excesso de produção.
Índice
de Ravaz = kg de uva (safra anterior)/ kg de sarmentos = (5 a 10).
Outro índice comumente usado é a
relação área foliar/carga de frutos. Os valores de peso de poda ou área foliar
requerido para suportar uma unidade de peso de frutos variam consideravelmente,
dependendo da região, da variedade, práticas de manejo (sistema de condução),
produto desejado e os métodos de medição utilizados.
Por outro lado, em muitas
regiões a fotossíntese não é somente limitada pela temperatura senão também
pela intensidade luminosa. Com baixa intensidade luminosa incidente, há
necessidade de uma maior área foliar para maturar a mesma quantidade de peso de
frutos.
Outro fator determinante é o
período de tempo pós-colheita. É importante considerar que uma proporção
significativa dos carboidratos da fruta colhida provem da mobilização das
reservas. Durante o período entre a colheita e a queda das folhas, estas
reservas devem ser restabelecidas para completar a diferenciação das gemas e
permitir o crescimento inicial na temporada seguinte. Como resultado, em
regiões frias, com um curto período de retenção das folhas fotossinteticamente
ativas no pós-colheita, requer uma maior superfície foliar para maturar uma
unidade de peso de fruta.
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