“Terroir”, palavra francesa que significa o conjunto de características de uma região referentes às condições de clima, solo e práticas de produção.
Quando se fala em solo há de se considerar que os parâmetros pedológicos do solo influenciam o estado fisiológico da videira, por condicionar a composição da solução do solo, da qual deriva principalmente a nutrição e a composição da seiva da videira e, portanto, também, a composição mineral e orgânica das bagas. A influência destes parâmetros estende-se também ao regime hídrico do solo, estreitamente ligado ao resultado qualitativo e quantitativo da produção. A nutrição mineral e a hídrica determinam o ritmo fenológico da videira. É importante também considerar o aquecimento do solo, isto é a sua capacidade de se aquecer, que influencia notavelmente a absorção radicular. Os solos soltos que tem uma melhor condutividade térmica, induzem a uma boa atividade radicular durante a fase vegetativa e, com a desidratação do solo, que normalmente ocorre no verão, induzem a redução da atividade vegetativa e com isso o acumulo maior de açucares, aroma, polifenois, etc.
A videira é cultivada em regiões com os mais diversos climas, desde a zona norte do continente europeu até algumas áreas da faixa equatorial, passando, evidentemente, pelos trópicos. Esta ampla plasticidade climática da espécie não significa, entretanto, que os produtos originados em cada uma destas áreas sejam idênticos no seu valor e qualidade, pois o clima afeta a todos os aspectos de funcionamento da videira. É, portanto, necessário conhecer as pautas climáticas da região em questão para poder compreender plenamente a interação solo / videira / vinho.
No que se refere à prática de produção, a qualidade da uva e, portanto do vinho, é o resultado da interação de numerosos fatores que envolvem aspectos biológicos (variedade, clone, porta-enxerto, estado sanitário), físicos (tipo de solo e seu manejo), climáticos (temperatura, pluviometria, luz) e culturais (densidade de plantio, condução, poda – carga de uva, manejo da vegetação, fertilização). A conjunção e manejo harmônico destes fatores condicionam, portanto, as potencialidades qualitativas de um determinado vinhedo. Evidentemente, sobre grande parte destes fatores nossa intervenção fica praticamente limitada à tomada de decisão prévia à plantação. Devemos, portanto eleger que variedade, clone, porta-enxerto, com que forma geométrica será conduzido nosso vinhedo, a que distancia estará às plantas e qual será o manejo que lhe daremos, entendendo-se por ele: a fertilização, o manejo de solo, as aplicações sanitárias, a poda e as operações sobre a vegetação, entre outras.
A conjugação de todos estes fatores é que faz desta região uma das melhores regiões vitivinícolas do Brasil. Fato comprovado no 8o Concurso Nacional de Vinhos Finos – CMB Brasil 2011, onde cerca de 30% dos vinhos premiados foram desta região e dentre eles o mais pontuado vinho branco brasileiro. Este feito deixa-me muito feliz, pois vem comprovar que o esforço feito para introduzir a viticultura nesta região há 35 anos passados não foi um mero sonho, mas sim a interpretação correta do que os estudos climáticos e de solo nos diziam e a obstinação para tornar isto numa realidade. Mais feliz ainda, porque dentre os 57 vinhos premiados, três tem ligação direta com minha atuação nos últimos anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário