domingo, 27 de maio de 2012

ANÁLISE DE SOLO / ANÁLISE FOLIAR / ANÁLISE VISUAL = ADUBAÇÃO DA VIDEIRA.


Monitorar e entender a nutrição mineral da videira pode ser uma tarefa difícil. Os nutrientes minerais são importantes no processo bioquímico da videira. Um programa efetivo de nutrição requer bons conhecimentos de fertilidade e irrigação, vigor, produção, e interpretação das análises de solo e de tecidos (Schreiner, 2011).

a) – ANALISE DE SOLO

A análise de solo é um instrumento que pode auxiliar o produtor rural a aumentar a lucratividade da exploração agrícola ou florestal e a acompanhar as mudanças da fertilidade do solo. Deve ser utilizada, juntamente com outras informações, como um guia para as recomendações de uso de calcário e adubos (minerais e orgânicos).

A análise de solos apresenta duas funções:

      - Indicar os níveis de nutrientes no solo, possibilitando o desenvolvimento de um programa de calagem e de adubação;

      - Pode ser usada regularmente para monitorar e avaliar as mudanças dos nutrientes no solo.

A análise de solo não deve ser usada como único parâmetro para interpretar o estado nutricional da videira, devido à variação da necessidade de nutrientes existente em cada variedade, clones e porta-enxerto, variação da umidade do solo e práticas de manejo do solo, e a capacidade das raízes de explorar o solo. Alem disso, as videiras podem estocar quantidades significantes de certos nutrientes que podem ser utilizados em caso de deficiência no solo, e esta habilidade aumenta com a idade da planta. Como exemplo, mais de 50% do nitrogênio e fósforo existente na copa provém das reservas existentes nas raízes e tronco, segundo estudo realizado  no Oregon por Schreiner em 2006.  A análise de solo é usada para monitorar as mudanças que ocorrem em diversos anos, como pH e conteúdo de matéria orgânica, que podem impactar a disponibilidade de nutrientes no solo. (Schreiner, 2011).

Coleta da amostra

Ao coletar a amostra de solo devemos dividir a propriedade em áreas uniformes de até 10 hectares. Cada uma dessas áreas deverá ser uniforme quanto à cor, topografia, textura e quanto às adubações e calagem que recebeu. Áreas pequenas, diferentes das circunvizinhas, não deverão ser amostradas juntas. Cada uma das áreas escolhidas deverá ser percorrida em ziguezague, retirando-se com um trado, amostras de 15 a 20 pontos diferentes, que deverão ser colocadas juntas em um balde limpo. Na falta de trado, poderá ser usado um tubo ou uma pá. Todas as amostras individuais de uma mesma área uniforme deverão ser muito bem misturadas dentro dum balde, retirando-se uma amostra final, em torno de 500g (Embrapa Solos).

As amostras deverão ser retiradas da camada superficial do solo, até a profundidade de 20 cm, tendo antes o cuidado de limpar a superfície dos locais escolhidos, removendo as folhas e outros detritos. Não retirar amostras de locais próximos a residências, galpões, estradas, formigueiros, depósitos de adubos, etc. Não retirar amostras quando o terreno estiver encharcado. No caso de culturas perenes (frutíferas, por exemplo) sugere-se também retirar amostras entre 20 e 40 cm de profundidade.

Identificar perfeitamente cada amostra, numerando cada recipiente com o mesmo número colocado nos seus apontamentos particulares.



b) – ANÁLISE FOLIAR

A análise de tecidos nos mostra a concentração de nutrientes; a quantidade de nutrientes pela quantidade (massa) de pecíolos ou limbo foliar. Isto leva a supor que a concentração de nutrientes é igual à necessidade da planta. No entanto, isto não é sempre correto. O único meio de se ter certeza quanto à necessidade de nutrientes é monitorar o conteúdo de nutrientes durante o ciclo vegetativo. Crescimento rápido pode diluir a concentração de nutrientes nas folhas e pecíolos. Os resultados da análise de tecidos devem ser usados combinados com outras informações tais como comportamento da planta durante o ciclo vegetativo (análise visual), condições climáticas, fertilizações realizadas, irrigações e experiências dos anos passados neste vinhedo (Schreiner,2011).

Schreiner (2011), considera que ao implementar um programa de análise de tecidos devemos observar:

1 – Ser consistentes quanto ao estágio fenológico na coleta da amostra. A concentração de nutrientes nas folhas e nos pecíolos pode mudar rapidamente durante o ciclo vegetativo. A época da coleta da amostra é critica para se obter dados fidedignos. Por exemplo, há pesquisas que indicam que a concentração de fósforo cai rapidamente durante o período da floração ao inicio da maturação. Colher a amostra sempre no mesmo estágio.

2 – Monitorar sempre a mesma área de um vinhedo. Para realizar isto é importante marcar as filas onde será coletada a amostra.

3 – Se monitorarmos uma área grande com uma única amostra, a coleta dos pecíolos ou do limbo foliar deve ser de forma abrangente na área e consistente ano a ano. Por exemplo, colher um pecíolo ou um limbo foliar a cada 10 plantas e em cada 5 fileiras.

4 – Colher separadamente amostras segundo o vigor das plantas dentro do mesmo bloco.

5 – Determinar em que época deve ser colhida a amostra. A amostra para analise foliar pode ser colhida na floração ou no inicio da maturação. Geralmente, a análise de pecíolos colhidos na floração nos dá boa indicação do status de micronutrientes. Enquanto, a analise no inicio da maturação é mais indicativa do status dos macro nutrientes nitrogênio, fósforo e potássio, porque estes nutrientes são móveis na planta e a sua concentração na floração geralmente é alta.

6   – Determinar qual o tecido a ser colhido: pecíolo ou limbo folhar. 

Geralmente a análise de pecíolos nos da uma boa indicação da deficiência ou excesso de potássio, cloro e sódio. A análise do limbo foliar nos da indicação da concentração de nitrogênio, magnésio, zinco, boro, cálcio, cobre e manganês.

Coleta da amostra

Na floração = ( 60 a 70 % das flores abertas) – Para a analise de pecíolos, colher 60 a 100 pecíolos localizados atrás do cacho. Após a coleta devem ser lavados em água limpa, enxugar num papel toalha e secar a sombra sobre um papel limpo.

No caso de realizar analise de limbo foliar, colher 20 a 40 folhas, lavar em água limpa e secar em papel toalha. Colocar sobre um papel limpo e deixar secar a sombra.

Inicio da maturação = (50% das bagas coloridas). Proceder da mesma maneira indicada para a coleta na floração.

 ADUBAÇÃO DA VIDEIRA

O objetivo da adubação é proporcionar a planta uma serie de elementos minerais complementares aos que proporciona o solo. A deficiência de nutrientes provoca o atraso e insuficiência no desenvolvimento da planta, porém uma adubação excessiva resulta igualmente prejudicial. O vinhedo requer um cuidado especial na adubação por ser um cultivo lenhoso que atravessa diversas fases de desenvolvimento com necessidades próprias em cada fase (Loyola).

De uma forma ou outra, todos os elementos minerais são indispensáveis ao desenvolvimento da videira, sejam eles macro ou micronutrientes, a tal ponto de frear ou mesmo bloquear o crescimento da planta. A necessidade global depende da participação de cada elemento, em função de suas propriedades, nas múltiplas reações químicas que constituem o metabolismo.

Monitorar e entender a nutrição mineral da videira pode ser uma tarefa difícil. Os nutrientes minerais são importantes no processo bioquímico da videira. Um programa efetivo de nutrição requer bons conhecimentos de fertilidade e irrigação, vigor, produção, e interpretação das análises de solo e de tecidos. A nutrição da videira pode influenciar a formação do fruto, a qualidade do fruto e a qualidade do produto final. A nutrição num vinhedo depende de cada vinhedo, baseado nas variações existentes de solo, as necessidades da planta e das características de cada variedade e porta-enxerto. (Schreiner).

Absorção dos nutrientes pelas raízes

O sistema radicular é formado por uma estrutura principal de raízes (com diâmetro de 6 a 100 mm), as quais geralmente se encontram  numa profundidade     de 30 a 35 cm, e raízes menores (2 a 6 mm de diâmetro), que derivam da estrutura principal e crescem tanto na forma horizontal como vertical. Estas raízes vão se ramificando gerando as raízes absorventes, as quais são efêmeras e são continuamente substituídas por novas raízes laterais (Mullins et al. 1992). O crescimento lateral de raízes é derivado do crescimento de primeiro e segundo ano. Ao inicio de cada temporada de crescimento, as raízes que sobreviveram ao inverno desenvolvem novas raízes absorventes (Stepke y Carey, 2010).

Uma das maiores diferença que a videira apresenta em relação às demais árvores frutíferas, e que pode ser a origem de alguns problemas importantes na primeira etapa de desenvolvimento dos brotos, é o descompasso entre o inicio do crescimento dos brotos e das raízes (Callejas y Benavidez, 2005). Tal como assinala Freeman e Smart (1976), o inicio do crescimento das raízes, na cultivar Shiraz, na primavera, ocorreu aproximadamente 10 semanas mais tarde que o do broto. Esta posterior atividade da raiz é corroborada pelo trabalho realizado  por Andonova (1970) e Niimi e Torikata (1978), citados por Callejas y Benavides (2005),  que avaliaram a produção de hormônios na videira. Uma das razões que explica este comportamento, refere-se à temperatura do solo, fator que estaria controlando o inicio e termino do crescimento anual do sistema radicular. Para que este se inicie é necessário que a temperatura do solo esteja no mínimo acima de 6 oC, sendo o ótimo de 30 o(em avaliações de laboratório). Entre estes valores, observou-se uma grande variabilidade no crescimento anual das raízes, tal como menciona Erlenwein (1971) citado por Callejas e Benavides (2005), onde a 25 oC o desenvolvimento das raízes foi bem maior do que a 15 oC.

A quantidade de raízes geradas pode ser afetada pela demanda de carboidrato nos órgãos considerados sumidouros (folhas e frutos). Alta produtividade geralmente leva a redução do crescimento radicular. Uma poda limitada e a irrigação podem induzir maior geração de raízes. A produção de raízes também pode ser afetada pela interceptação da luz solar nas folhas (Eissenstat, 2007).

Existem muitos estudos que apontam que a videiras tem dois períodos de desenvolvimento de raízes, um na primavera e outro no outono, sendo que no verão a geração de novas raízes é pequenas ou nula (Lyr and Hoffman, 1967; van Zyl, 1988 e Mullins et al. 1992). O pouco desenvolvimento no verão ocorre devido à grande competição por carbono necessário para o desenvolvimento dos brotos e dos frutos, e, devido à baixa umidade em muitos solos (Comas et al, 2010). Observações detalhadas a campo da população de novas raízes indicou que a primeira etapa ocorre entre a floração e o inicio da maturação, tanto em clima Mediterrâneo como em clima temperado, apesar de que a ocorrência de desenvolvimento no verão, embora em anos com extrema falta de umidade no solo, pode ser sanado com irrigação (Comas et al, 2005; Eissensat et al. 2006; Bauerle et al. 2008 e Field et al. 2009). Em regiões de clima temperado onde as condições pós-colheita são favoráveis ao desenvolvimento, algumas raízes são produzidas (Field et al. 2009). Nas regiões de clima subtropical onde há um período curto entre a abertura das gemas e a colheita, mas um longo período pós-colheita favorável ao desenvolvimento, o desenvolvimento principal ocorre  pós-safra e não na primavera (Oag et al, 2009).

A capacidade de satisfazer as necessidades de nutrientes pela videira requer necessariamente, além das características químicas do solo, de uma ótima fertilização no momento adequado, para o qual é necessário conhecer o padrão de crescimento das raízes (Callejas y Benavides, 2005). Segundo Warner (2002), a utilização dos fertilizantes aplicados e as perdas por lixiviação, dependerão diretamente da atividade das raízes naquele momento. Portanto, enquanto a medida da curva de crescimento das raízes segue sendo uma incógnita, estaremos longe de utilizar um manejo eficiente dos fertilizantes, incorrendo em muitos casos, numa maior contaminação das camadas freáticas do solo (Callejas y Kania, 2002).

Demanda de nitrogênio

                Cerca de um quinto da demanda anual de nitrogênio é requerido entre a abertura das gemas e o florescimento (primeiro estágio). Durante este período a demanda da nova vegetação é maior do que a capacidade do sistema radicular em absorver. Este déficit é suprido pelas reservas existentes nas raízes e madeira permanente, perfazendo cerca de 20,4% da demanda total neste período. Isto demonstra a importância da reserva de nitrogênio, visto as raízes não terem a capacidade de suprir a demanda total (Conradie, 1986).

                No período compreendido entre o final da floração e o final do crescimento rápido dos brotos, a quantidade de nitrogênio absorvido passa de 195 mg para 226 mg por videira e por semana (Conradie, 1986). Conradie (1980), verificou que a demanda de nitrogênio neste estágio é semelhante à capacidade de absorção das raízes. Os órgãos reprodutivos (cachos)  utilizam 56% do nitrogênio absorvido durante este período (Conradie, 1986). A maior demanda de nitrogênio ocorre no próximo período (fim do rápido crescimento dos brotos e inicio da maturação), possivelmente devido à grande necessidade por este elemento pelos cachos que totaliza mais de 60% do total absorvido neste período. Entretanto, a quantidade absorvida pelas raízes é próxima desta demanda (Conradie, 1986).

                Do inicio da maturação até a colheita a necessidade de nitrogênio decresce um pouco, sendo neste caso os cachos os mais necessitados, cerca de 73% do nitrogênio absorvido. Sabe-se que a necessidade de nitrogênio pela videira decresce ou termina completamente quando as uvas estão completamente madura (Lafon et al. 1965; Conradie, 1980).

                A demanda de nitrogênio após a colheita (27% do total) geralmente ocorre próximo a queda das folhas. Cerca de 50% do nitrogênio absorvido pela videira, pós-safra, ocorre durante a queda das folhas. Na pratica, as folhas são retidas o máximo possível para aumentar a quantidade de nitrogênio na planta (Conradie, 1986).

                O nitrogênio absorvido após a colheita, não migra para as folhas, mas para os órgão permanentes. Este provavelmente é o fato que grande fração do nitrogênio absorvido após a colheita é diretamente incorporado na estrutura permanente da videira. No caso os ramos de ano armazenam uma pequena fração do nitrogênio absorvido na primavera (31%) e a estrutura permanente recebe o armazenado no verão (57,8%).

                O nitrogênio absorvido no período pós-colheita é de grande importância para formar a reserva e a adubação nitrogenada neste período deve receber especial atenção. A reserva de nitrogênio na videira pode ser aumentada consideravelmente se durante o outono as folhas forem mantidas na videira (Conradie, 1986).

                A videira absorve continuamente o nitrogênio, mas o máximo de exigências ocorre em três momentos:
                - Floração – queda da caliptra, limpeza da flor. Frequentemente a queda das flores (desavinho) deve-se a falta de nitrogênio neste período.

                - Formação dos frutos – logo após a floração.
                - Engrossamento rápido dos frutos.

Demanda de fósforo

                Nos primeiros 27 dias após a abertura das gemas não ocorrem significantes mudanças na quantidade de fósforo contida na videira, e, as raízes armazenam 82,1% do fósforo presente na planta. Uma absorção ativa aparece a partir do 22o dia após a abertura das gemas, e as reservas nas raízes dão sinal que estão abastecendo a nova vegetação. Durante o período que vai até o inicio da maturação, a absorção de fósforo aumenta rapidamente e a utilização das reservas radiculares diminui, há evidencia que o fósforo está sendo estocado nos 35 dias antecedentes ao inicio da maturação. Entretanto, o fósforo contido na planta está em constante renovação no período entre o inicio da maturação e a colheita, o conteúdo de fósforo nos cachos aumenta em função da transferência realizada pelas folhas. Na colheita a distribuição dos fósforo nos órgãos da videira é: tronco 5,4%, raízes 19,2%, ramos 13,9%, folhas 27,3% e cachos 34,1% (Conradie, 1981).

                A absorção aumenta consideravelmente nos 44 dias antes da queda das folhas, sendo estocado nas folhas, raízes, tronco e ramos. Durante o período  da queda das folhas a videira ainda ganha fósforo, mas as folhas carregam parte dele, assim como nitrogênio (Conradie, 1980). Isto causa significante redução de fósforo nos ramos. Calcula-se que as folhas carregam cerca de 31% do fósforo absorvido na sua queda. Durante o período de dormência não ocorrem significantes mudanças na concentração de fósforo na videira  (Conradie, 1981).

                Existem dois picos de absorção de fósforo, um da abertura das gemas ao inicio da maturação e o outro cerca de cinco semanas antes da colheita até a queda das folhas, o pico de absorção pós-colheita não é tão acentuado como o do nitrogênio (Conradie, 1980).

Demanda de potássio

                   Semelhante ao fósforo, a concentração de potássio na planta não sofre grandes alterações nos primeiros 22 dias após a abertura das gemas. O significante acúmulo de potássio nas brotações novas parece ser proveniente das raízes. Deste momento até o final do rápido desenvolvimento dos brotos, a absorção de potássio aumenta significativamente para alimentar as brotações novas e muito pouco vai para as partes permanentes da videira. Deste estágio até o inicio da maturação (35 dias), os cachos acumulam 2.117 mm de potássio, um pouco a mais que o restante da videira (2.092 mg). Observa-se uma leve diminuição da concentração de potássio nas folhas. A videira absorve 49% do requerimento anual no período que vai da floração ao inicio da maturação (Conradie, 1981).

                Durante o período de maturação a absorção de potássio decresce abruptamente, enquanto que a concentração nos cachos aumenta grandemente. No final, os cachos acumularam 1.436 mg de potássio, sendo esta quantidade fornecida pelas folhas, ramos e raízes (Conradie, 1981). Por outro lado, Lévy et al. (1972) não observou translocação de potássio no período pré-colheita nas videira com alta concentração de potássio. Por outro lado, Lafon et al (1965) observou apreciável  quantidade de potássio transferido das raízes para as folhas. Isto pode ser explicado pelas evidencias existentes que alguns portas-enxerto retém altas concentrações de potássio nos vacúolos celulares e assim transferem pouco para a parte aérea da videira (ex. 140 Ruggeri, P 1103) (Ruhl, 1991). Estudos realizados em região de clima quente na Austrália, observaram que os portas-enxerto oriundos do cruzamento Vitis berlandieri x Vitis rupestris (ex. R 110, 140 Ruggeri, P 1103, R 99, P1447) contem baixo teor de potássio nas folhas e transferem pouco aos frutos. Entretanto, os portas-enxerto descendentes da Vitis champii (ex. Dog Ridge e Freedom) contem alta concentração de potássio nos pecíolos e transferem grande quantidade para os frutos (Ruhl, 1991). Similar estudo foi feito na França onde encontraram que os portas-enxerto SO4 e Fercal absorvem e transferem mais potássio às folhas e frutos que os descendentes de Vitis riparia (Delas, 1992).

Por ocasião da colheita a uva contém 66,1% do total de potássio existente na videira. O restante está assim distribuído: tronco 4,7%, raízes 6,9%, ramos 11,7% e folhas 10,7% (Conradie, 1981).

Durante os 33 dias após a colheita ocorre significante aumento na concentração de potássio em todos os órgãos da videira, mas diferente do nitrogênio e do fósforo não há absorção de potássio no restante do período pós-colheita. Relativa pequena quantidade de potássio é perdida com a queda das folhas (13,6%) (Conradie, 1981).

Adubação de manutenção da videira
                Na literatura encontra-se diversas orientações para a adubação de manutenção (produção) da videira. Vamos citar neste caso duas indicações brasileiras:
1a - Rolas (2004), sugere que a adubação de manutenção seja orientada pela análise peciolar, neste caso indica para a adubação de manutenção para uva vinifera as seguintes quantidades:

Nitrogênio
Análise peciolar
Produtividade esperada
(T/ha)
Nitrogênio a aplicar
(kg N/ha)
Abaixo do normal
> 25
15 a 25
< 15
40 a 50
20 a 40
10 a 20
Normal
.> 25
15 a 25
< 15
25 a 50
15 a 25
0 a 15
Excessivo
.> 25
15 a 25
< 15
0
0
0
Fósforo
Análise peciolar
Fósforo a aplicar (kg P2O5/ha)
Abaixo do normal
40 a 80
Normal
0 a 40
Excessivo
0
Potássio
Análise peciolar
Produtividade esperada
(T/ha)
Potássio a aplicar
(kg K2O/ha)
Abaixo do normal
.> 25
15 a 25
< 15
120 a 140
80 a 120
60 a 80
Normal
.> 25
15 a 25
< 15
40 a 60
20 a 40
0 a 20
Acima do normal
.> 25
15 a 25
< 15
0
0

 2a - Malavolta (1997), diz que a videira necessita das seguintes quantidades de nutrientes para produzir uma tonelada de uva
        Macronutrientes (kg)                   Micronutrientes (gr)
        Nitrogênio          3,3                   Boro                 4,0
        Fósforo              0,6                   Cobre                4,0
        Potássio             2,0                   Ferro                3,0
        Cálcio                0,1                   Manganês          2,0
        Magnésio           0,1                   Molibdênio         0,003
        Enxofre             0,2                   Zinco                0,6


quarta-feira, 9 de maio de 2012

O CULTIVO DA VIDEIRA


O Cultivo da Videira

                               O cultivo da videira é tão antigo quanto ao homem. Detalhes sobre o cultivo figuram nos mosaicos da Quarta Dinastia do Egito (2.440 A.C.). Na Bíblia há citação que Noé plantou um vinhedo. Há relatos primitivos escritos por Virgilio, Catón, os Plinios e Columela, que descrevem numerosas variedades de uva, listam muitos tipos de vinho e dão instruções sobre manejo da videira e para a elaboração do vinho.  Os egípcios exportaram seus vinhos  para a Europa Mediterrânea, África Central e reinos asiáticos, através dos fenícios, povo oriundo da Ásia antiga e natos comerciantes marítimos.

Em 2000 aC a viticultura chegou a Grécia, cultivada ao longo da costa do Mediterrâneo a uva tornou-se uma cultura economicamente vital para o desenvolvimento grego. A partir de 1000 a.C., os gregos começam a plantar videiras em outras regiões européias. A bebida embriagou a Itália, seguindo à peninsula ibérica. Ao fundarem Marselha, os gregos passaram a comercializar seus vinhos aos nativos, sendo este o primeiro contato da bebida com a futura França.

As migrações dos povos e as colonizações espanholas e portuguesas encarregaram-se de espalhar a viticultura em todas as partes do mundo.

No Brasil as primeiras viderias chegaram por volta de 1532 com Martin Afonso de Souza, na capitania de São Vicente. No entanto, Brás Cubas,    foi o primeiro a tentar cultivar videiras de forma ordenada, porém sem muito exito. Em parte, o insucesso da produção de vinhos deu-se pelo protecionismo comercial exercido por Portugal, tendo a corte inclusive proibido o cultivo de uvas, em 1789.  Porém, o verdadeiro desenvolvimento da viticultura brasileira  ocorreu a partir de meados do século XIX, com os imigrantes portugueses e italianos.

Hoje, a videira é cultivada em todo o mundo e em regiões com os mais diferentes climas, desde o hemisfério norte até hemisfério sul, passando, evidentemente, pelos trópicos. Esta amplitude climática da espécie não significa que em todas as regiões o vinho oriundo seja da mesma qualidade. Contrariamente ao que se supõem a videira não é uma planta de fácil manejo que possa ser improvisada em qualquer oportunidade e em qualquer condição. Embora suas exigências quanto ao solo sejam modestas e que permitem cultivá-la em locais que outras culturas não vingariam, requer um mínimo de cuidados e adequadas condições climáticas para que sua produção quantitativa e qualitativa esteja em consonância com os custos de produção e as exigências do mercado.