A brotação da videira
As
diferentes cultivares se distinguem umas das outras pelo seu ritmo vegetativo
próprio, que se manifesta pela precocidade de brotação em condições naturais.
Portanto, cada cultivar reage de modo diferente frente à temperatura e sofre
uma evolução fisiológica cuja velocidade e intensidade depende sobre tudo do
seu ritmo vegetativo.
A gema inicia sua elongação que termina com o
aparecimento da ponta verde e a brotação, tudo isto em resposta a temperatura.
Assim desenvolveu-se o conceito de horas grau de crescimento: isto é; a soma
dos graus de diferença por hora entre uma temperatura dada e aquela considerada
umbral necessário para iniciar a brotação. Cada variedade tem seu próprio
requisito quanto ao umbral de temperatura para responder e também a soma
térmica para completar o processo.
A brotação inicia quando a temperatura media diária
ultrapassa os 10 oC por um período de 7 a 10 dias consecutivos. Além
disso, é controlada pelo estimulo do hormônio de crescimento, citocinina, hormônio
este sintetizado nas raízes e transportado via seiva para os ramos. Outro fator
importante é que nas gemas já ocorreu à eliminação do hormônio que inibe o
crescimento, o ácido abcissico.
Durante o mês de Agosto as temperaturas médias
foram acima dos 10 oC e por diversos dias, isto apressou a brotação
da videira.
Após
o inicio da brotação o broto pode crescer lentamente se as temperaturas forem mais
baixas, mas à medida que a temperatura vai subindo ele aumenta o seu ritmo,
podendo então crescer de 2 a
10 cm
por dia. Entretanto, se a temperatura chegar aos 35 oC ou mais se
torna um fator limitante devido à dificuldade de realizar a fotossíntese nesta
faixa de temperatura. A velocidade de crescimento e o vigor do broto são
grandemente influenciados pela disponibilidade de nutrientes e de água.
Concomitantemente a brotação ou logo antes desta,
ocorre o desenvolvimento das raízes. As raízes, em geral, iniciam o crescimento
com temperatura do solo entre 5oC e 10oC, porem sua taxa
máxima ocorre com 30 oC. Existem dois a três períodos de crescimento
radicular. O primeiro ocorre no final do inverno, junto com a brotação ou pouco
depois, quando a temperatura do solo ultrapassa os 10 oC, até a
floração, e alcança sua taxa máxima pouco depois à do crescimento dos brotos,
às vezes pouco antes do inicio da maturação; o segundo ou terceiro ocorre no
final do verão e no outono, depois da colheita, de menor magnitude, cuja taxa
máxima ocorre na queda das folhas em clima quente. Em clima frio ocorrem dois
picos de taxas de crescimento, um até a floração e o outro, maior, pouco antes
do inicio da maturação, porem não há crescimento pós colheita .
Após
a brotação, as inflorescências aparecem rapidamente entre as primeiras folhas.
A maioria das cultivares a inserção da primeira inflorescência situa-se entre a
3a e 4a folha, algumas pode aparecer na segunda e outras
na quarta. Após uma a duas semanas, se as condições climáticas e o vigor do
ramo forem favoráveis, os botões florais, que se apresentam num amontoado, se
separam e adquirem a forma definitiva.