MILDIO (Peronóspora, Mufa ou Mofo)
O Míldio da videira é causado pelo
fungo Plasmopora vitícola (Berk & Curt).
No outono as folhas caem e aquelas atacadas pelo
Míldio durante o ciclo vegetativo conservam no seu interior as unidades de
reprodução (oósporos) do Míldio, embora estas folhas se decomponham estas
unidades de reprodução continuam no material em decomposição. Além disso, pode passar
o inverno na forma de micélio dormente sobre os sarmentos que foram atacados
durante o ciclo vegetativo. Na primavera quando a temperatura ultrapassar os 10
oC e chover no mínimo 10 mm ocorre à germinação. Os esporos (zoósporos)
formados na germinação são espalhados pelos pingos da chuva e transportados
pelo vento. Ao caírem sobre a folha, por possuirem cílios que se movimentam, encistam-se
no estômato da folha e penetram, instalando-se no espaço interno (câmara
estomática), daí o micélio que se forma expande-se através do espaço
intercelular colonizando o tecido do hospedeiro. Sob condições favoráveis de
temperatura e umidade o tempo decorrido entre a penetração e a germinação é de
90 minutos. Cerca de 4 dias após a infecção, dependendo da idade da folha, da
cultivar, da temperatura e da umidade, aparecem os primeiros sintomas do
ataque, as manchas amarelas sobre a folha (manchas de óleo).
Mancha de óleo
(Foto Antonio Santin)
Dentro de um a três dias após o aparecimento da
mancha de óleo surge a mancha de conídios
(mancha branca) na parte inferior da folha, correspondente a mancha amarelada. Mas para que isto ocorra
é necessário que a temperatura mínima esteja
acima de 13 oC e umidade relativa acima de 80%, a partir
disto poderão ocorrer às infecções secundárias.
Mancha de conídio (Foto Antonio Santin)
Nestas manchas de míldio formam-se os esporângios que
irão produzir os zoósporos para causar a infecção secundária, isto ocorrerá se
a umidade relativa do ar estiver acima de 95%, pelo menos por quatro horas,
temperatura acima de 13 oC e ausência de luz. Após o inicio da
esporulação, o processo é contínuo, desde que a temperatura esteja acima de 11 oC.
Os zoósporos são dispersos pela chuva e/ou vento e são transportados para
causarem novas infecções.
Todos os
fatores que contribuem para aumentar o teor de água no solo, ar e planta
favorecem o desenvolvimento do Míldio. Dificilmente ocorre infecção se a
umidade do ar for inferior a 75%, porém, ela será grande quando o período de
água livre (chuva, orvalho ou neblina) for maior de três horas e sob condições
de céu encoberto e encontram as melhores condições para o seu desenvolvimento
com temperatura entre 23 a 25 oC.
O fungo incide sobre todos os órgãos verdes da
planta, preferencialmente naqueles mais tenros, desenvolvendo um micélio que
neles penetra para absorver a seiva.
SINTOMAS
FOLHAS – os primeiros sintomas podem aparecer
quando as folhas são ainda muito pequenas (no momento que são formados os
estômatos), cerca de 3 cm
de largura, pois neste estágio tem a máxima sensibilidade e à medida que vão
envelhecendo decresce esta sensibilidade. Inicialmente aparecem manchas
amareladas na superfície superior da folha (mancha de óleo) e na pagina
inferior, correspondente à mancha de óleo, em condições de alta umidade aparece
uma mancha branca constituída pela frutificação do fungo. Mais tarde elas tomam
a coloração pardo-avermelhada podendo confluir uma macha com a outra e abranger
grande parte do limbo folhar. As folhas
que apresentam muitas manchas em ótimo desenvolvimento caem prematuramente
privando a planta de seu órgão de nutrição, interrompendo o desenvolvimento dos
cachos e sarmentos, depauperando a planta e prejudicando a produção do ano
seguinte.
O efeito negativo ao ataque foliar é devido à
perda do principal órgão de assimilação da planta com repercussão negativa
direta seja na produção quantitativa e qualitativa, ou seja, na maturação dos
sarmentos e das gemas, potenciais produtivos do ano seguinte.
Foto Antonio Santin
BROTOS – Os brotos e sarmentos são normalmente
infectados nos estádios iniciais de crescimento, ou em suas extremidades, antes
da lignificação. Os ramos doentes apresentam coloração marrom-escura, com
aspecto de “escaldado”. Os nós são mais sensíveis do que os entrenós. Infecções
em ramos novos causam o secamento dos mesmos. Este dano será observado durante
a poda de inverno.
Sintomas no nó do ramo
tenro (Foto Antonio Santin)
Sintomas no nó do ramo
verde (Foto Antonio Santin)
Sintomas no ramo maduro (Foto Antonio Santin)
CACHOS E UVA – o ataque do míldio sobre a
inflorescência (antes da floração) ou no cacho recém formado (logo após a
floração) causa perda elevada de produção. Quando ocorre sobre a inflorescência
a danifica deixando-a em forma de gancho. Na floração, o patógeno provoca o
escurecimento e destruição das flores afetadas, sintomas muito semelhantes aos
ocasionados pela antracnose. Nos estádios da pré-floração e em bagas pequenas,
o fungo penetra pelos estômatos, causando escurecimento e secamento destes
órgãos, observando- se uma eflorescência branca que é a frutificação do fungo.
Se
o ataque acontecer mais tarde (bagoinhas), causa a podridão cinzenta. As bagas
tomam uma coloração verde azulada, paralisa seu crescimento, endurecem,
cobrem-se de eflorescência branca, secam e caem.
Quando as bagas atingem mais da metade do seu
desenvolvimento o ataque do fungo pode ocorrer pelo pedicelo e posteriormente colonizá-la.
As bagas infectadas nessa fase apresentam uma coloração pardo-escura, e é
facilmente destacável do cacho, não havendo formação de eflorescência branca
característica. Os ataques na inflorescência e nos cachos são os mais danosos, pois
atingem diretamente o produto final podendo comprometer totalmente a produção.
Foto Antonio Santin
CONTROLE
No inicio do ciclo vegetativo da videira quando a
área foliar ainda é pequena, a temperatura não está dentro da faixa ótima para
o desenvolvimento do míldio e a quantidade de inoculo é pequena, embora ocorram
chuvas, os estragos que podem ser causados pelas infecções primárias são
insignificantes. Nesta fase correspondem aos primeiros tratamentos, entre 2 a 3
folhas visíveis e os cachos visíveis, as intervenções podem ser feitas com
produtos de contato, mesmo com tempo chuvoso. Embora não seja errado o uso de
produtos sistêmicos ou de profundidade. Entretanto, devemos considerar que
estamos usando produtos sistêmicos ou de profundidade numa fase que não são
necessários, comprometendo a sua utilização mais tarde (devido o risco de
resistência é aconselhável usá-los 3 a 4 vezes por ciclo vegetativo) e, além
disso, são mais caros. Numa fase posterior que vai dos cachos separados ao
inicio da floração, podemos usar qualquer tipo de fungicida, dependendo das
condições climáticas: tempo seco e sem míldio visível usar fungicidas de
contato; tempo úmido, embora sem a presença de míldio, é aconselhável usar
produtos sistêmicos ou penetrantes.
Na
fase de floração é aconselhável o uso de produtos sistêmicos ou de
profundidade, a não ser que o tempo seja seco e então podemos usar produtos de
contato.
A
partir do inicio da formação do grão, que geralmente coincide com o final de
Outubro, entramos num período critico onde a ocorrência de míldio poderá ser
muito grande, devido às condições de umidade e temperatura, e este período se
estende normalmente até final de Novembro. Neste período devemos seguir
tratando com produtos de ação sistêmica ou de profundidade. A partir desta
data, final de Novembro, se o tempo for seco podemos tratar com produtos de
contato, mas se o tempo for chuvoso é aconselhável utilizar produtos sistêmicos
ou de profundidade. Sempre observando que a partir do grão tamanho de ervilha,
como neste estágio a transpiração deste órgão é muito pequena, os produtos
sistêmicos terão pouca ação no controle da doença sobre os grãos.