A PODA DA VIDEIRA
Embora
a gestão da copa esteja mais relacionada com a operação de poda verde, as
decisões tomadas durante a poda de inverno (número de gemas, comprimento da
poda, posição dos esporões e das varas, etc.) podem ter uma influência
determinante no crescimento da copa, na produção e na composição final da uva.
Neste sentido, um dos temas mais debatidos, embora ainda por resolver, é a
eleição entre a poda curta (esporões) ou longa (varas). É verdade que com a
poda em esporões se obtém uma brotação bem mais numerosa, porém o sistema Guyot
garante uma maior fertilidade das gemas e cachos maiores, equilibrando a
situação, e o resultado final é uma produção por videira muito parecida. Como
conseqüência é conveniente observar que tampouco diferem quanto à composição da
uva, sólidos solúveis do mosto e concentração de antocianina. Por outro lado,
se levarmos em consideração a mão-de-obra, esta comparação inclinaria a balança
em favor da adoção da poda longa, pois embora a poda em cordão esporonado implique
num significativo ganho de mão-de-obra por ocasião da poda de inverno, requer
maior número de horas para a poda verde e levando-se em consideração a falta de
mão-de-obra é conveniente diminuir a necessidade para a poda verde. Porém, tem
outro detalhe a considerar: o hábito de brotação de cada variedade - é de
conhecimento geral que existem variedades de uva de difícil brotação em poda
longa e isto pode resultar em grande perda de produção e é variável de região a
região.
A
característica principal que relaciona uma variedade com o tipo de poda é a
fertilidade das gemas, entendendo-se esta como o número de inflorescências por
broto. Variedades férteis em suas gemas basais admitem poda curta, inclusive
esporões de uma única gema. Ao contrário, existem outras variedades que somente
possuem fertilidade nas gemas mais altas, quarta, quinta ou mais; exigindo, por
tanto, uma poda longa.
Geralmente
fala-se de fertilidade média, que é dada pelo número total de cachos divididos
pelo numero de gemas deixadas na planta por ocasião da poda de inverno. A
fertilidade pode flutuar entre valores abaixo de uma unidade até o máximo ao
redor de três unidades. A fertilidade é condicionada grandemente a variedade,
ao clima, às condições gerais de nutrição e sanitárias, ao tipo de poda, ao
porta-enxerto, etc. Dentro de certos limites, a fertilidade da gema é
correlacionada positivamente ao vigor do sarmento e do tronco; vigor
excessivamente baixo e alto deprime a fertilidade das gemas.
O
método mais comum de determinar a carga de gemas é empírico e se baseia no
vigor, tomando-se como base o desenvolvimento dos sarmentos (diâmetro,
comprimento e ramificações). De ano em ano faz-se ajustamentos para mais ou
para menos. Outro método baseia-se na pesagem dos sarmentos resultantes da
poda, de certo número de plantas representativas, comparando-se com o do ano
anterior.
ÉPOCA DA PODA - A poda de inverno, como é de
conhecimento, realize-se durante o período de dormência da videira. Sabe-se que
este período, no hemisfério Sul, vai de Maio a final de Agosto, agora, quando
podar dentro deste espaço de tempo depende das condições macro e mesoclimáticas
do local, e de cada estação, e da disponibilidade de mão-de-obra em relação a
área cultivada.
O período da poda tem potencial
influência no desenvolvimento das inflorescências nas gemas e na brotação da
videira. Há estudos que demonstraram que ocorre redução da brotação das gemas
distais, em varas, quando a poda for
realizada no final do período de dormência. Este fenômeno é importante porque o
desenvolvimento apical que é normal na videira é modificado pela poda tardia,
resultando na diminuição da brotação das gemas distais e na melhor brotação das
gemas ao longo da vara. Isto se deve a melhor distribuição da auxina, fito
hormônio que induz a divisão celular e o desenvolvimento, quando as gemas estão
mais maduras no final do período de dormência. Neste estágio as gemas terminais
estão aptas a iniciarem a produção de auxinas para dar inicio a brotação e isto
inibe a dominância apical observada nas gemas distais.
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