domingo, 26 de novembro de 2017

DANOS CAUSADOS À VIDEIRA PELO HERBICIDA 2,4D


               Para os viticultores este herbicida está se tornando um sério problema, principalmente para a região Central, Campanha e Fronteira Oeste do Estado. Com o advento da cultura da soja nestas regiões o herbicida 2,4D passou a ser muito usado para o controle da buva (Conyza bonariensis).

                O 2,4D é um herbicida auxínico, isto é, comporta-se como uma auxina. A auxina é um hormônio vegetal que promove o crescimento da parte aérea da planta e das raízes também, portanto localiza-se em maior concentração na ponta de crescimento dos ramos e nas pontas em crescimento das raízes. O 2,4D é estrutural e funcionalmente muito parecido com a auxina natural (AIA = ácido indol acético). Quer dizer, o 2,4D não é somente estruturalmente semelhante ao AIA, mas age biologicamente como ele na planta. Embora o 2,4D se pareça e aja como uma auxina, as plantas não podem metabolizar este herbicida fenóxido como elas fazem com o AIA. Não conseguindo metabolizá-lo ele permanece na planta e pode interferir no desenvolvimento da planta no ano seguinte a sua deposição. Este é o motivo que torna o 2,4D capaz de matar as plantas sensíveis, como a videira.
                As auxinas naturais são inativadas muito rapidamente pela conjugação e degradação, enquanto o 2,4D é retido por longo período de tempo, e por isso age como herbicida.
                O 2,4-D é um herbicida auxínico pós-emergente regulador de crescimento que é usado para controlar grande número de plantas de folhas largas. É disponível nas formas de amina e de éster. Embora a forma éster seja mais barata e de fácil absorção, pelas plantas, ele é muito volátil. Portanto, por deriva pode ir do ponto de aplicação a vários quilômetros de distância.
                Todas as variedades de videiras são sensíveis ao 2,4D, embora a expressão dos sintomas (folhas retorcidas e estiolamento da ponta de crescimento) varie de variedade a variedade. A severidade dos danos aumenta com o tempo de exposição. Os sintomas são verificados na ponta de crescimento dos ramos e nas folhas novas, devido ao 2,4D afetar a divisão celular e o crescimento das células. As inflorescências e os frutos novos também podem ser danificados, resultando em baixa frutificação e, consequentemente,   redução da produção. A qualidade dos frutos também é afetada pela redução da concentração de açúcar.
                Infelizmente não existe garantia que a videira se recuperará rapidamente após a intoxicação pelo 2,4D. A intoxicação pode permanecer de um ano para o outro e causar redução do vigor da planta, redução de produção, baixa qualidade dos frutos, e aumento da suscetibilidade as doenças, isto é comum se os danos são extensivos e/ou ocorrer repetidas contaminações com o herbicida.
                A longo prazo, a exposição ao herbicida 2,4D interfere no armazenamento de carboidratos, reduzindo a sua concentração significativamente em plantas danificadas por este herbicida. A redução da quantidade de carboidratos armazenados tem efeitos a longo prazo, influenciando diretamente o vigor das plantas e a produtividade. Estudos apontam que os danos causados pelo 2,4D a longo prazo, se anualmente ocorrer aplicações deste herbicida, mesmo em muito baixas doses, após quatro anos a produtividade será reduzida em até 85%.  Além disso, o 2,4D pode ser armazenado na videira durante o inverno e sendo posteriormente, no período de brotação do ano seguinte, translocado para a ponta de crescimento da nova brotação, danificando as folhas e a ponta de crescimento. Se as intoxicações se repetirem ao longo dos anos, levará as plantas à morte.
                Sendo a videira extremamente sensível ao 2,4D, ela é mais vulnerável na fase inicial do crescimento dos ramos até o final da floração. Em geral, plantas novas são mais sensíveis do que as plantas adultas, assim como as menos vigorosas são mais sensíveis do que as mais vigorosas, e podem até ser levadas a morte.
                A quantidade da deriva depende da formulação do 2,4-D e das condições do tempo na hora da aplicação. A formulação éster volatiliza mais facilmente que a formulação amina e pode permanecer na atmosfera por longo período de tempo. Altas temperaturas aumenta a volatilização e ventos fortes a moderados carregam o vapor ou gotas a distâncias consideráveis.

Sintomas nas folhas mais velhas e nos ramos

                   Os sintomas são menos acentuados à medida que nos distanciamos da ponta de crescimento. Mas, as folhas apresentam deformações, assim como nos ramos.

Sintomas nas inflorescências
                   Quando os cachos são expostos ao 2,4D ocorre redução da frutificação e atraso na maturação da uva. A exposição a este herbicida pode causar o surgimento de pequenas bagas no cacho e maturação desuniforme da uva. Em casos severos, a interferência na maturação da uva pode permanecer pelo período de 1 a 3 anos.


                Além de afetar a ponta de crescimento e o sistema radicular, o 2,4,D pode causar abortamento das flores, ou causar a infertilidade das flores, causar queda de frutos no início da formação (logo após a floração), e redução na produtividade.
 
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DANOS CAUSADOS À VIDEIRA PELO HERBICIDA 2,4D


               Para os viticultores este herbicida está se tornando um sério problema, principalmente para a região Central, Campanha e Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul. Com o advento da cultura da soja nestas regiões o herbicida 2,4D passou a ser muito usado para o controle da buva (Conyza bonariensis).

                O 2,4D é um herbicida auxínico, isto é, comporta-se como uma auxina. A auxina é um hormônio vegetal que promove o crescimento da parte aérea da planta e das raízes também, portanto localiza-se em maior concentração na ponta de crescimento dos ramos e nas pontas em crescimento das raízes. O 2,4D é estrutural e funcionalmente muito parecido com a auxina natural (AIA = ácido indolacético). Quer dizer, o 2,4D não é somente estruturalmente semelhante ao AIA, mas age biologicamente como ele na planta. Embora o 2,4D se pareça e aja como uma auxina, as plantas não podem metabolizar este herbicida fenóxido como elas fazem com o AIA. Não conseguindo metabolizá-lo ele permanece na planta e pode interferir no seu desenvolvimento no ano seguinte a sua deposição. Este é o motivo que torna o 2,4D capaz de matar as plantas sensíveis, como a videira.

                As auxinas naturais são inativadas muito rapidamente pela conjugação e degradação, enquanto o 2,4D é retido por longo período de tempo, e por isso age como herbicida.

                O 2,4-D é um herbicida auxínico pós-emergente regulador de crescimento que é usado para controlar grande número de plantas de folhas largas. É disponível nas formas de amina e de éster. Embora a forma éster seja mais barata e de fácil absorção, pelas plantas, ele é muito volátil. Portanto, por deriva pode ir do ponto de aplicação a vários quilômetros de distância.

                Todas as variedades de videiras são sensíveis ao 2,4D, embora a expressão dos sintomas (folhas retorcidas e estiolamento da ponta de crescimento) varie de variedade a variedade. A severidade dos danos aumenta com o tempo de exposição. Os sintomas são verificados na ponta de crescimento dos ramos e nas folhas novas, devido ao 2,4D afetar a divisão celular e o crescimento das células. As inflorescências e os frutos novos também podem ser danificados, resultando em baixa frutificação e, consequentemente,   redução da produção. A qualidade dos frutos também é afetada pela redução da concentração de açúcar.

                Infelizmente não existe garantia que a videira se recuperará rapidamente após a intoxicação pelo 2,4D. A intoxicação pode permanecer de um ano para o outro e causar redução do vigor da planta, redução de produção, baixa qualidade dos frutos, e aumento da suscetibilidade as doenças, isto é comum se os danos são extensivos e/ou ocorrer repetidas contaminações com o herbicida.

                A longo prazo, a exposição ao herbicida 2,4D interfere no armazenamento de carboidratos, reduzindo a sua concentração significativamente em plantas danificadas por este herbicida. A redução da quantidade de carboidratos armazenados tem efeitos a longo prazo, influenciando diretamente o vigor das plantas e a produtividade. Estudos apontam que os danos causados pelo 2,4D a longo prazo, se anualmente ocorrer aplicações deste herbicida, mesmo em muito baixas doses, após quatro anos a produtividade será reduzida em até 85%.  Além disso, o 2,4D pode ser armazenado na videira durante o inverno e sendo posteriormente, no período de brotação do ano seguinte, translocado para a ponta de crescimento da nova brotação, danificando as folhas e a ponta de crescimento. Se as intoxicações se repetirem ao longo dos anos, levará as plantas à morte.

                Sendo a videira extremamente sensível ao 2,4D, ela é mais vulnerável na fase inicial do crescimento dos ramos até o final da floração. Em geral, plantas novas são mais sensíveis do que as plantas adultas, assim como as menos vigorosas são mais sensíveis do que as mais vigorosas, e podem até ser levadas a morte.

                A quantidade da deriva depende da formulação do 2,4-D e das condições do tempo na hora da aplicação. A formulação éster volatiliza mais facilmente que a formulação amina e pode permanecer na atmosfera por longo período de tempo. Altas temperaturas aumenta a volatilização e ventos fortes a moderados carregam o vapor ou gotas a distâncias consideráveis.
Sintomas nas pontas de crescimento e nas folhas novas
                   Os brotos novos são extremamente sensíveis ao 2,4D. As folhas afetadas são pequenas, deformadas e com perda de clorofila, consequentemente redução da fotossíntese.