Para
os viticultores este herbicida está se tornando um sério problema,
principalmente para a região Central, Campanha e Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul. Com
o advento da cultura da soja nestas regiões o herbicida 2,4D passou a ser muito
usado para o controle da buva (Conyza
bonariensis).
O 2,4D é um herbicida auxínico,
isto é, comporta-se como uma auxina. A auxina é um hormônio vegetal que promove
o crescimento da parte aérea da planta e das raízes também, portanto
localiza-se em maior concentração na ponta de crescimento dos ramos e nas
pontas em crescimento das raízes. O 2,4D é estrutural e
funcionalmente muito parecido com a auxina natural (AIA = ácido indolacético).
Quer dizer, o 2,4D não é somente estruturalmente semelhante ao AIA, mas age
biologicamente como ele na planta. Embora o 2,4D se pareça e aja como uma
auxina, as plantas não podem metabolizar este herbicida fenóxido como elas
fazem com o AIA. Não conseguindo metabolizá-lo ele permanece na planta e pode
interferir no seu desenvolvimento no ano seguinte a sua deposição. Este é
o motivo que torna o 2,4D capaz de matar as plantas sensíveis, como a videira.
As auxinas naturais são inativadas muito rapidamente
pela conjugação e degradação, enquanto o 2,4D é retido por longo período de
tempo, e por isso age como herbicida.
O 2,4-D é um herbicida auxínico
pós-emergente regulador de crescimento que é usado para controlar grande número
de plantas de folhas largas. É disponível nas formas de amina e de éster.
Embora a forma éster seja mais barata e de fácil absorção, pelas plantas, ele é
muito volátil. Portanto, por deriva pode ir do ponto de aplicação a vários
quilômetros de distância.
Todas as variedades de videiras são sensíveis ao 2,4D,
embora a expressão dos sintomas (folhas retorcidas e estiolamento da ponta de
crescimento) varie de variedade a variedade. A severidade dos danos aumenta com
o tempo de exposição. Os sintomas são verificados na ponta de crescimento dos
ramos e nas folhas novas, devido ao 2,4D afetar a divisão celular e o
crescimento das células. As inflorescências e os frutos novos também podem ser
danificados, resultando em baixa frutificação e, consequentemente, redução da produção. A qualidade dos frutos
também é afetada pela redução da concentração de açúcar.
Infelizmente não existe garantia que a videira se
recuperará rapidamente após a intoxicação pelo 2,4D. A intoxicação pode
permanecer de um ano para o outro e causar redução do vigor da planta, redução
de produção, baixa qualidade dos frutos, e aumento da suscetibilidade as
doenças, isto é comum se os danos são extensivos e/ou ocorrer repetidas
contaminações com o herbicida.
A longo prazo, a exposição ao herbicida
2,4D interfere no armazenamento de carboidratos, reduzindo a sua concentração
significativamente em plantas danificadas por este herbicida. A redução da
quantidade de carboidratos armazenados tem efeitos a longo prazo, influenciando
diretamente o vigor das plantas e a produtividade. Estudos apontam que os danos
causados pelo 2,4D a longo prazo, se anualmente ocorrer aplicações deste
herbicida, mesmo em muito baixas doses, após quatro anos a produtividade será reduzida
em até 85%. Além disso, o 2,4D pode ser
armazenado na videira durante o inverno e sendo posteriormente, no período de
brotação do ano seguinte, translocado para a ponta de crescimento da nova
brotação, danificando as folhas e a ponta de crescimento. Se as intoxicações se
repetirem ao longo dos anos, levará as plantas à morte.
Sendo
a videira extremamente sensível ao 2,4D, ela é mais vulnerável na fase inicial
do crescimento dos ramos até o final da floração. Em geral, plantas novas são
mais sensíveis do que as plantas adultas, assim como as menos vigorosas são
mais sensíveis do que as mais vigorosas, e podem até ser levadas a morte.
A
quantidade da deriva depende da formulação do 2,4-D e das condições do tempo na
hora da aplicação. A formulação éster volatiliza mais facilmente que a
formulação amina e pode permanecer na atmosfera por longo período de tempo.
Altas temperaturas aumenta a volatilização e ventos fortes a moderados carregam
o vapor ou gotas a distâncias consideráveis.
Sintomas
nas pontas de crescimento e nas folhas novas
Os brotos novos são extremamente
sensíveis ao 2,4D. As folhas afetadas são pequenas, deformadas e com perda de
clorofila, consequentemente redução da fotossíntese.
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