POR
QUE É IMPORTANTE A ADUBAÇÃO PÓS COLHEITA
Uma das maiores diferença que a videira apresenta
em relação às demais árvores frutíferas, e que pode ser a origem de alguns
problemas importantes no início do desenvolvimento vegetativo, é o descompasso
entre o início do crescimento dos brotos e das raízes (Callejas e Benavidez, 2005).
Existem
dois a três períodos de crescimento radicular. O primeiro ocorre no final do
inverno, logo após a brotação, quando a temperatura do solo ultrapassa os 10 oC,
até a floração, e alcança sua taxa máxima pouco depois à do crescimento dos
brotos, às vezes pouco antes do início da maturação; o segundo ou terceiro
ocorre no final do verão e no outono, depois da colheita, de menor magnitude,
cuja taxa máxima ocorre na queda das folhas (Gonzalo e Pszczotkowski, 2007).
As plantas lenhosas são
muito dependentes das reservas para suportar o rápido crescimento na fase
inicial do ciclo vegetativo (Zimmermann, 1971; Loescher et al, 1990;
Mooney e Gartner, 1991). A mobilização das reservas nas plantas
perenes é considerado determinante para se obter boas produções. Nas videiras (Vitis vinifera L.), a absorção de
nitrogênio e a assimilação de carboidratos é pequena nas primeiras semanas após
a brotação (Hale e Weaver, 1962; Kriedemann et al, 1970; Conradie,
1980; Lohnertz, 1988). Consequentemente, a fase inicial de
crescimento é sustentada pelo processo de mobilização das reservas (Scholefield
et al, 1978; Conradie, 1980, 1986).
No início do ciclo vegetativo a demanda por
nutrientes não pode ser atendida unicamente pelas raízes, os nutrientes
armazenados antes da dormência também são requeridos para suportar o
desenvolvimento da vegetação. O ciclo dos nutrientes, e a habilidade da planta
em estocá-los e mobilizá-los, depende da mobilidade de cada um. Neste caso,
o nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre
e magnésio são muito móveis na planta, mas o cálcio é pouco móvel. Quanto aos
micro nutrientes, com exceção do manganês que é pouco móvel, os demais: zinco,
ferro, cobre, molibdênio e boro tem mobilidade média. Estudos indicam que em
videiras adultas cerca de 50% do nitrogênio e do fósforo requerido no ciclo
vegetativo provem das reservas existentes nas raízes e tronco. Assim como,
cerca de 15% do potássio, e 5% do magnésio e do cálcio. Dos principais macro
nutrientes armazenados, o nitrogênio é armazenado em grande quantidade, seguido
pelo potássio e fósforo. A proporção de magnésio estocado nas raízes e tronco é
semelhante ao fósforo, e o cálcio é encontrado em quantidade semelhante ao
potássio. Há poucas informações sobre o armazenamento de micro nutrientes (Smith e Holzapfeld, 2012).
Antes da queda das folhas a videira armazena
substancial quantidade de nutrientes na estrutura perene (Rogiers et al),
dependendo das condições ambientais e do manejo. Por exemplo, O total de
nitrogênio estocado antes da dormência da videira é de 25 a 70 g/planta, semelhante
às reservas de carboidratos, mais da metade encontra-se nas raízes. O fósforo,
que é o segundo elemento em proporção (em termos da proporção total de reservas
mobilizadas no início da brotação), estoca cerca de 2,5 a 4,5 g/planta. Para os
outros macro elementos, varia de 10 a 25 g de potássio, 4 a 8 g de magnésio e
25 a 40 g de cálcio. Em regiões quentes, aproximadamente um terço da demanda
anual de nitrogênio e fósforo requeridos durante o ciclo provem das reservas,
20% do magnésio e 15% do potássio. A armazenagem de nutrientes após a colheita
deve-se a absorção radicular e a transferência dos existentes nas folhas por
ocasião de sua queda (Smith e Holzapfeld,
2012).
A
aplicação de adubação após a colheita é recomendada, principalmente N, P e K,
mas a quantidade a ser aplicada deve ser em função do processo fisiológico da
videira na reposição de carboidratos e nutrientes (Smith
e Holzapfel, 2012).
Em regiões quentes o melhor é
aplicar a adubação próximo a queda das folhas. Aplicação precoce de N pode
promover um desnecessário crescimento em certas variedades. A quantidade e que nutrientes aplicar neste
período deve ser em função do estado nutricional da videira, determinado pela
análise de tecidos, e em função da quantidade estimada de nutrientes removidos
pela produção. Para a adubação nitrogenada, o N é facilmente lixiviado,
aplica-se cerca de um quarto da necessidade total. A necessidade de P no
período pós-colheita é similar, mas a mobilidade do P no solo é baixa, o
período de aplicação independe (Smith e Holzapfel, 2012).
BIBLIOGRAFIA
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