DESFOLHA
A eliminação de folhas pode ser conveniente em certos casos e situações
ou negativa em outras. Como norma, sempre que exista sombra na copa que
prejudique a qualidade da uva e a fertilidade das gemas, a desfolha é
conveniente, por favorecer o balanço fotossintético e por proporcionar um micro
clima adequado para a maturação dos cachos. A sombra no interior da copa tem
vários efeitos negativos que convém controlar, tais como baixas concentrações
de açucares, antocianinas, fenóis e ácido tartárico; aumento de pH e do nível
de potássio; e diminuição da qualidade sensorial do vinho.
Embora
esta prática seja para atingir certos objetivos, normalmente é empregada em
copas muito densas desde o fechamento do cacho até o inicio da maturação para
lograr uma melhor exposição à luz solar e uma melhor aeração ao redor dos cachos,
o que supõem benefícios substanciais em termos de pigmentação e resistência às
podridões, além de melhorar a penetração e a cobertura dos tratamentos
fitossanitários sobre os frutos. A desfolha não garante necessariamente uma
melhor composição da uva. Uma desfolha excessiva que sobre exponha os cachos à
luz solar pode dar lugar a uma pigmentação deficiente nas bagas de variedades
tintas. A excessiva exposição à luz solar pode causar perdas tanto na
produtividade, como na qualidade. Perdas na produtividade ocorrem quando os
frutos são danificados pelo calor e chegam a murchar. Este dano geralmente
ocorre após inicio da maturação quando as uvas tem pigmentos (principalmente
nas tintas) e absorvem maior quantidade de energia solar. Entretanto, podem ocorrer
danos também antes do inicio da maturação, quando as bagas são totalmente
ressecadas. Ou então podem permanecer intactas, mas os sintomas aparecerão
quando amadurecem, pela maturação incompleta. Quanto à interferência na
qualidade do vinho depende de variedade para variedade.
É
comum a realização da desfolha no terço ou quarto basal dos brotos logo antes
do inicio da maturação para expor os cachos à luz direta e ao vento. Com isto
perseguem melhorar a cor e a concentração de fenóis de variedades tintas,
manter um ambiente seco e livre de enfermidades fungicas e amadurecer melhor o
cacho pela elevação da temperatura e a exposição à luz ultravioleta (mais
açucares e fenóis maduros e menos ácido málico). Esta prática tem sua origem e
maior difusão nas zonas frescas e chuvosas, onde produz efeitos benéficos e é
uma necessidade. Entretanto, em regiões mais quentes, onde a elevação da
temperatura da uva pode ser exagerada, produz efeito adverso na cor, outros
flavonóides, resveratrol e aromas, pela queimadura da casca, e na diminuição do
conteúdo de nitrogênio, que torna a fermentação do mosto mais lenta. Nessas
condições a desfolha, que é necessária, deve ser mais suave. Portanto, práticas
que aumentem a exposição dos cachos à luz solar (como remoção de folhas)
depende de vinhedo a vinhedo, isto é; temos que analisar os efeitos desta
exposição nos cachos e a qualidade do vinho obtido, pois quando a folhagem da
videira recebe iluminação adequada, não haverá benefícios com esta prática, ao
contrário, poderá haver prejuízo. Devemos considerar que, enquanto a
temperatura das folhas não apresenta diferença entre as expostas a luz solar e
as que se encontram no interior da copa, devido à regulação térmica produzida
pelo processo da transpiração, o mesmo não ocorre com os cachos, já que os
expostos apresentam maior temperatura que os localizados em ambiente sombrio,
principalmente nas uvas tintas. A situação ideal é manter uma boa exposição dos
mesmos, porém com certa proteção foliar; a qual pode ser de maior ou menor
grau, segundo o clima e as variedades que se cultivam.
A
atividade fotossintética das folhas dispostas ao longo do sarmento e o
transporte de compostos assimilados podem aumentar se melhorar as condições
microclimáticas da folhagem e diminuir a proporção entre a fonte e o receptor,
graças à gestão da folhagem. No obstante, sempre devemos manipular a planta de
modo a deixarmos suficiente superfície foliar para permitir o correto
desenvolvimento da uva e a entrada da luz solar no interior da folhagem, porem
interceptando ao mesmo tempo o excesso de radiação sem perder energia
utilizável.
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