terça-feira, 4 de dezembro de 2012


DESFOLHA

 
 

                A eliminação de folhas pode ser conveniente em certos casos e situações ou negativa em outras. Como norma, sempre que exista sombra na copa que prejudique a qualidade da uva e a fertilidade das gemas, a desfolha é conveniente, por favorecer o balanço fotossintético e por proporcionar um micro clima adequado para a maturação dos cachos. A sombra no interior da copa tem vários efeitos negativos que convém controlar, tais como baixas concentrações de açucares, antocianinas, fenóis e ácido tartárico; aumento de pH e do nível de potássio; e diminuição da qualidade sensorial do vinho.

                Embora esta prática seja para atingir certos objetivos, normalmente é empregada em copas muito densas desde o fechamento do cacho até o inicio da maturação para lograr uma melhor exposição à luz solar e uma melhor aeração ao redor dos cachos, o que supõem benefícios substanciais em termos de pigmentação e resistência às podridões, além de melhorar a penetração e a cobertura dos tratamentos fitossanitários sobre os frutos. A desfolha não garante necessariamente uma melhor composição da uva. Uma desfolha excessiva que sobre exponha os cachos à luz solar pode dar lugar a uma pigmentação deficiente nas bagas de variedades tintas. A excessiva exposição à luz solar pode causar perdas tanto na produtividade, como na qualidade. Perdas na produtividade ocorrem quando os frutos são danificados pelo calor e chegam a murchar. Este dano geralmente ocorre após inicio da maturação quando as uvas tem pigmentos (principalmente nas tintas) e absorvem maior quantidade de energia solar. Entretanto, podem ocorrer danos também antes do inicio da maturação, quando as bagas são totalmente ressecadas. Ou então podem permanecer intactas, mas os sintomas aparecerão quando amadurecem, pela maturação incompleta. Quanto à interferência na qualidade do vinho depende de variedade para variedade.

                É comum a realização da desfolha no terço ou quarto basal dos brotos logo antes do inicio da maturação para expor os cachos à luz direta e ao vento. Com isto perseguem melhorar a cor e a concentração de fenóis de variedades tintas, manter um ambiente seco e livre de enfermidades fungicas e amadurecer melhor o cacho pela elevação da temperatura e a exposição à luz ultravioleta (mais açucares e fenóis maduros e menos ácido málico). Esta prática tem sua origem e maior difusão nas zonas frescas e chuvosas, onde produz efeitos benéficos e é uma necessidade. Entretanto, em regiões mais quentes, onde a elevação da temperatura da uva pode ser exagerada, produz efeito adverso na cor, outros flavonóides, resveratrol e aromas, pela queimadura da casca, e na diminuição do conteúdo de nitrogênio, que torna a fermentação do mosto mais lenta. Nessas condições a desfolha, que é necessária, deve ser mais suave. Portanto, práticas que aumentem a exposição dos cachos à luz solar (como remoção de folhas) depende de vinhedo a vinhedo, isto é; temos que analisar os efeitos desta exposição nos cachos e a qualidade do vinho obtido, pois quando a folhagem da videira recebe iluminação adequada, não haverá benefícios com esta prática, ao contrário, poderá haver prejuízo. Devemos considerar que, enquanto a temperatura das folhas não apresenta diferença entre as expostas a luz solar e as que se encontram no interior da copa, devido à regulação térmica produzida pelo processo da transpiração, o mesmo não ocorre com os cachos, já que os expostos apresentam maior temperatura que os localizados em ambiente sombrio, principalmente nas uvas tintas. A situação ideal é manter uma boa exposição dos mesmos, porém com certa proteção foliar; a qual pode ser de maior ou menor grau, segundo o clima e as variedades que se cultivam.

                A atividade fotossintética das folhas dispostas ao longo do sarmento e o transporte de compostos assimilados podem aumentar se melhorar as condições microclimáticas da folhagem e diminuir a proporção entre a fonte e o receptor, graças à gestão da folhagem. No obstante, sempre devemos manipular a planta de modo a deixarmos suficiente superfície foliar para permitir o correto desenvolvimento da uva e a entrada da luz solar no interior da folhagem, porem interceptando ao mesmo tempo o excesso de radiação sem perder energia utilizável.

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