domingo, 8 de setembro de 2013

VITICULTURA – a brotação


 

 
 


                   Quando as gemas estão em plena dormência, durante o inverno, elas são isoladas do sistema vascular da planta, desidratadas, saturadas de compostos para resistirem ao congelamento (açucares e proteínas). Os elementos vasculares dos ramos e tronco são fechados com tecido caloso  (floema) ou enchidos de água (xilema). Na primavera quando a brotação inicia, a videira necessita restabelecer a conexão entre as gemas e as raízes. Este processo, que inicia com a abertura das gemas, somente se completará próximo a floração.

                Uma vez que as videiras entraram em dormência no inverno, as gemas não brotam enquanto não tiver alta temperatura, elas devem passar por um período mínimo com temperatura de 5 oC para brotarem. No final do inverno, após ter ocorrido o período mínimo de frio, as gemas tendem a brotar com o aumento da temperatura por qualquer número de dias e na presença de umidade.

                No inicio da primavera quando a temperatura aumenta e as gemas são reidratadas (chuva, neblina, alta umidade relativa do ar), elas gradualmente desaclimatam e perdem a resistência a baixas temperaturas. Com temperaturas acima do ponto de congelamento, as enzimas dependentes da temperatura começam a ser ativadas, seu grau de ativação dobra a cada 10 oC.  Com o aquecimento do solo, a atividade radicular é ativada e o sistema capilar conduz a água para o tronco e parte aérea, resultando na circulação da seiva e aumentando a hidratação das gemas. As gemas incham e iniciam a nova conexão vascular.

                Após sofrerem o efeito das baixas temperaturas que provocou a sua saída da dormência, as gemas permanecem pelo menos até final de Agosto na fase de pós-dormência, neste transcurso ocorre uma evolução fisiológica independente do frio hibernal. As baixas temperaturas neste período parece não modificar sensivelmente o estado das gemas latentes cujas exigências de frio foram satisfeitas. Portanto, as gemas sofrem uma evolução fisiológica lenta que as aproxima do estado de brotação.

                O período de crescimento vegetativo inicia com um fenômeno típico da videira, embora nem sempre seja perceptível, o choro. Este se manifesta cerca de 15 dias antes do inicio da brotação com a emissão de líquido nos cortes da poda. O choro é a consequência do rápido incremento do ritmo de absorção de água pelas raízes. Este líquido é rico em substâncias minerais e orgânicas, como tartaratos, substâncias gelatinosas, nitrogênio, mas especialmente açúcares (principalmente a glicose) provenientes da hidrolise do amido radicular. Quanto mais vigorosa a planta maior a quantidade de liquido que pode verter; para evitar o choro é suficiente recorrer à poda precoce, isto é; antecipar a poda, permitindo assim que ocorra a cicatrização da ferida.

                Quanto ao inicio da brotação, as diferentes cultivares se distinguem umas das outras pelo seu ritmo vegetativo próprio, que se manifesta pela precocidade de brotação em condições naturais. Portanto, cada cultivar reage de modo diferente frente à temperatura e sofre uma evolução fisiológica cuja velocidade e intensidade depende sobre tudo do seu ritmo vegetativo.

                A brotação inicia quando a temperatura média diária ultrapassa os 10 oC por um período de 7 a 10 dias consecutivo. Além disso, é controlada pelo estimulo do hormônio de crescimento, citocinina, hormônio este sintetizado nas raízes e transportado via seiva para os ramos e outro fator importante é que nas gemas já ocorreu à eliminação do hormônio que inibe o crescimento, ácido abcíssico.

               

 

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AWRI – Bud dormancy an budburst. Research to Practice. www.awri.com.au

FREGONI, M – Viticoltura di Qualità.Editore Phytoline. Via Pascoli,4 – Affi (Vr), 2005.

GONZALO, F. G. y PSZCZCÓTKOWSKI, Ph – Viticultura – Fundamentos para Otimizar Producción y Calidad. Ediciones Univ. Cat. De Chile, Santiago, 2007.

MARTINSON, T. and GOFFINET, M.  – How Grapevines Reconnect in the Spring. Cornell University. College of Agriculture and Life Sciences Viticulture and enology Program.

RIBÉREAU – GAYON, J. et PEYNAUD, E – Ciências y Técnicas de la viña. Tradução Conrado Ponce de Leon. Editorial Hemisferio Sur AS. Buenos Aires, 1982.

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